Qual instituição é mais importante na formação de empreendedores: a família ou a escola? Fernando Dolabela, autor de “O segredo de Luiza” e um dos principais consultores quando o assunto é empreendedorismo, acredita que a família possui papel decisivo para estimular ou inibir o espírito empreendedor nas crianças. “O que comanda o mundo hoje é a inovação. Não importa a profissão que o filho escolher, ele tem que ser empreendedor, tem que saber inovar”, diz o escritor.
Dolabela também destaca que filhos de pais empreendedores tornam-se empreendedores com mais naturalidade, porque pegam o exemplo da família. E os filhos de pais “não empreendedores”, como podem desenvolver sua capacidade criativa e inovadora? Veja as dicas do autor:
1 – Deixe-o sonhar
O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar o sonho em realidade. A essência do empreendedorismo está em conceber um futuro e torná-lo real. A criança tem que sonhar e ser motivada a realizar uma ação para que seu sonho aconteça. É essa motivação desperta outras capacidades latentes no ser humano, como perseverança, criatividade, protagonismo, iniciativa, auto-estima e autonomia – principais atributos do empreendedor. Pergunte à criança: “Qual é o seu sonho?”, em vez de “O que você quer ser quando crescer?”.
2 – Errar é humano
Em nossa cultura, a virtude está em acertar sempre. Porém, quem não arrisca, não inova. E arriscar-se pode levar ao sucesso ou ao fracasso. É importante que o fracasso seja aceito como um resultado provável e essencial ao desempenho do empreendedor – não como um indicador de que é preciso desistir do sonho. Somente a imersão em um tema permite encontrar novas soluções, mudar padrões, inovar. E os erros fazem parte deste caminho e devemos fazer deles um aprendizado constante. Tanto a família como a escola devem preparar as crianças para superar as frustrações – mas não impedi-las.
3 – Emoção à flor da pele
O empreendedor é um apaixonado, e é essa emoção que dá sentindo a sua vida. A imaginação das crianças pode ser estimulada com histórias de pessoas que realizaram seus sonhos e dedicaram sua vida em busca daquilo que amam. Crianças tendem a “copiar” sonhos de quem elas admiram, até porque eles não têm que ser necessariamente originais. Mas cada pessoa tem o poder de apoderar-se de um sonho e adaptá-lo a si mesma.
4 – Mudar o mundo
A criança deve ser estimulada a acreditar que é capaz de agir pelo bem dos outros, que ela pode interferir e mudar o mundo. É importante que elas incorporem essa capacidade de produzir mudanças. Antigamente éramos preparados para colocar em funcionamento aquilo que outros já haviam concebido. Hoje – e daqui pra frente – as pessoas devem ser preparadas para criar novos sistemas, novas rotinas. É preciso solucionar problemas de forma criativa, de romper velhos padrões. E o empreendedor acredita que pode colocar a sorte e o destino a seu favor.
5 – Estimular a criatividade
Para inovar é preciso ter criatividade e intuição afloradas. Essas características estão presentes em todo ser humano e não podem ser tolhidas, muito menos na infância. Para exercitar a criatividade é preciso ter um ambiente favorável, onde o erro seja permitido e a pessoa possua elevada auto-estima. Estimule também a criança a ouvir sua voz interior, sua intuição. Em qualquer área, a capacidade de inovar é condição para o sucesso profissional.
6 – Ser ético
O profissional de sucesso não pode ser mais apenas relacionado às conquistas financeiras, ou seja, “vou ter esta ou aquela profissão, porque é a que dá mais dinheiro”. Este conceito está pra lá de ultrapassado. Sustentabilidade e ética são obrigatórias numa sociedade desenvolvida. Estimule a criança a oferecer algo de bom à coletividade, porque ela também colherá bons frutos desta ação.
7 – Aprender sempre – e com os outros
Um empreendedor de sucesso precisa gerar conhecimento permanentemente e criar seus próprios métodos de aprendizagem – isso significa ir além do que está nos livros. O aprendizado individual é importante para dar base ao indivíduo, mas o aprendizado em grupo facilita a criatividade, permite o conhecimento da experiência do outro, fornece maior variedade de informação. O empreendedor tem que construir uma rede de relacionamentos, buscar novas informações sempre. Os pais podem ajudar a ampliar os horizontes, estimulando o filho a estar sempre em contato com o mundo.
Fonte: Fernando Dolabela é consultor e professor, criador de programas de ensino de empreendedorismo no Brasil, utilizados pela rede pública e particular, do ensino infantil à universidade.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.