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Dançar estimula a mente, a socialização e trabalha os músculos das crianças


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Imagem: Dreamstime.

Dançar, bailar, remexer… quer exercício mais gostoso que esse? A música envolve o corpo e, quando a gente percebe, já está embalada ao ritmo da melodia. Além de ser prazerosa, a dança é uma excelente atividade para o organismo como um todo: da mente aos músculos. “Numa época em que as crianças estão cada vez mais isoladas em casa, plugadas em eletrônicos, é essencial encontrar uma atividade que traga prazer, que mexa o corpo, que promova socialização e combine benefícios físicos mentais e emocionais”, destaca a psicóloga, bailarina e professora de dança do ventre, Karina Valentin.

A dança é uma maneira lúdica de exercitar o corpo e, na infância, torna-se uma brincadeira saudável e divertida, trazendo muitos benefícios para o desenvolvimento dos pequenos. Ela aumenta a autoestima e a segurança, facilita a socialização e o desenvolvimento da confiança física e mental.

Segundo a bailarina Sabrina de Souza, na primeira infância são trabalhados diversos conceitos que ajudam a criança em sua formação. “Com a dança trabalhamos muito a coordenação motora, a noção espacial, a agilidade em movimentos de equilíbrio, o desenvolvimento muscular, o reflexo”.

Faz bem pra cuca!

Dançar também faz um bem danado para a mente, pois ajuda no fortalecimento da personalidade, desenvolve a sensibilidade, permitindo que os pequenos coloquem para fora todos os sentimentos. “Através dessa atividade, a criança aprende a canalizar suas emoções”, reforça Karina. Entre outras coisas, auxilia a superar a timidez, reduz os sintomas de estresse e ansiedade e aumenta a confiança de si mesma.

Karina ainda destaca que algumas pesquisas chegam a associar os benefícios da dança com o aprendizado de matemática. “Isso acontece porque a atividade auxilia na concentração, o que nos dias de hoje é um bem muito necessário, principalmente para tirar um pouco da criança o foco em jogos eletrônicos, celular, tablet”, explica.

 

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Foto: Dreamstime.

Quando começar?

Para Karina, não existe uma idade certa. O contato com a dança pode acontecer desde muito cedo. “Já existe uma modalidade na qual as mães dançam com o bebê no sling, ou seja, antes mesmo de começar a andar já é possível bailar”, afirma.

Mas também pode-se levar em conta a autonomia de movimentos para iniciar as aulas. Entre os 3 ou 4 anos de idade o aparelho locomotor pode assimilar e interiorizar com mais facilidade e soltura os movimentos e técnicas da dança. “Existem alguns estudo científicos que provam que a dança também auxilia em problemas cognitivos, age no cérebro como um pensamento divergente, em que a pessoa tem que achar mais de uma forma de saída para determinada situação. Como na primeira infância é trabalhado o improviso, estimula a criança a expor seus sentimentos, a se expressar, obriga a parte cognitiva dela a trabalhar mais e de uma forma lúdica”, lembra Sabrina.

Menino também pode?

Claro que sim! Embora não seja uma das atividades prediletas deles, a dança é democrática e recebe todos de braços abertos. O que ocorre é que muita vezes o desconhecimento e o preconceito acabam afastando os garotos dessa atividade. “É mais difícil encontrar um menino fazendo balé, pois, em muitos casos, a família não valoriza, não incentiva e até mesmo poda esse interesse. Porém, há outros tipos de dança nas quais é mais comum encontrar meninos, como o street dance, por exemplo”, salienta Karina.

Ela diz que a dança não escolhe gênero e que poderia ser praticada livremente por todos, já que enriquece a pessoa culturalmente também. “Quando se aprende uma dança, aprende-se junto a cultura de um povo, o que esses passos transmitem sobre a identidade e a história de cada lugar. É uma atividade muito rica”, frisa Karina.

Agora é lei!

Em maio, foi sancionada pela presidência da República a Lei 13.278/2016, que inclui as artes visuais, a dança, a música e o teatro nos currículos dos diversos níveis da educação básica. A nova lei altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB — Lei 9.394/1996) estabelecendo prazo de cinco anos para que os sistemas de ensino promovam a formação de professores para implantar esses componentes curriculares no ensino infantil, fundamental e médio. A legislação já prevê que o ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, seja componente curricular obrigatório na educação básica, “de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”.

Vontade própria

É sempre importante lembrar que os pais podem estimular, mas a criança precisa se sentir à vontade com a dança. “Às vezes, a mãe coloca a criança no balé, na dança do ventre, para realizar um desejo dela, que não conseguiu fazer quando mais nova. E deposita uma expectativa, uma cobrança tão grande na filha que aquilo passa a ser aversivo pra ela. Isso não é legal! A dança deve ser realizada de forma lúdica, leve”, destaca Karina.

Claro que, de acordo com a fase de desenvolvimento na aula, existem cobranças, mas isso trabalha a questão da disciplina, do compromisso, do respeito com os colegas, que também é necessário. Quando ultrapassa os limites do aceitável, passa a ser uma fonte de estresse.

Na casa da professora Fernanda Saqueto Andrade, o desejo de dançar surgiu da própria filha, Ana Laura Andrade, 12 anos. “Ela já tinha feito outras atividades quando era menor e disse que gostaria de fazer aula de dança”, explica a mãe.

Há três anos a menina pratica sapateado, jazz e danças urbanas. Fernanda relata uma série de benefícios que a atividade trouxe para a menina, como melhoria da coordenação motora, autoconfiança, ritmo, responsabilidade e diversão. “Mas também tem que preparar o lado psicológico no que se refere aos ensaios e às apresentações, lidar com o público! No caso dela, sempre procuro conversar sobre isso e ela é bem tranquila e segura nesse quesito”, salienta Fernanda.

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Foto: Dreamstime.

Benefícios da dança:

– Estimula a circulação sanguínea e o sistema respiratório.

– Favorece a eliminação de gorduras.

– Contribui para corrigir más posturas.

– Exercita a coordenação, a agilidade de movimentos e o equilíbrio.

– Colabora no desenvolvimento muscular e forma da coluna.

– Ajuda no desenvolvimento da psicomotricidade, da agilidade e coordenação dos movimentos.

– Permite melhorar o equilíbrio e os reflexos.

– Pode ajudar a corrigir problemas como o “pé plano”. No ballet, a posição que o pé adota durante as aulas, na maior parte do tempo, é estirado para frente, fazendo com que pouco a pouco se corrija o defeito.

– Desenvolve a sensibilidade dos pequenos, permitindo que fluam seus sentimentos com total liberdade.

– Ajuda na socialização das crianças mais tímidas e a superar essa timidez.

Por Rose Araújo
Nossas fontes:
Karina Valentin, psicóloga, bailarina e professora de dança do ventre
Sabrina de Souza, bailarina