Todos dias a hora da refeição se torna uma praça de guerra. De um lado, os pais querendo que seus filhos comam verduras e legumes; de outro, os pequenos, fazendo de tudo para não chegar nem perto desses ingredientes. Realmente, com tantas opções que existem atualmente no mercado, preparadas para serem saborosas e fáceis de comer, como fazer as crianças aceitarem saladas com um toque amargo, legumes com paladares mais exóticos?
A solução está na raiz do problema. Nutricionistas garantem que é possível criar pequenos devoradores de brócolis e afins desde a mais tenra idade. “Educar desde muito cedo, dar o exemplo, impor os limites e sempre falar a verdade sobre os alimentos que nos beneficiam e os que nos prejudicam. É assim que formaremos jovens mais coerentes e com melhores escolhas”, explica a nutricionista Márcia Mendes.
Ou seja, a educação alimentar deve começar ainda no berço, com variedade e estímulos. “Infelizmente está cada vez mais comum o uso de fast food em crianças desde os dois anos de idade. Além disso, alguns pais insistem em ‘socar’ litros de leite em seus filhos e não ensiná-los a se alimentar adequadamente. E, pior, a maioria desses pais também não sabe se alimentar, então, como ensinarão? No final do dia, é muito mais fácil oferecer ‘ qualquer’ preparação rápida, do que chegar em casa (muitas vezes cansados) e preparar uma comidinha com arroz, feijão, saladinha e carne. Vivemos a era da rapidez, com prejuízo à saúde de todos”, alerta a pesquisadora e nutricionista, Suely Prieto de Barros.
Comer com os olhos
Cientes disso, mas muitas vezes fora de casa o dia todo, muitos pais sofrem para ensinar as crianças o real valor da alimentação. Um primeiro passo é ofertar com muita disponibilidade os alimentos saudáveis aos pequenos, servindo-os de forma apetitosa aos olhos e ao paladar. “Você ter uma manga na fruteira de casa é uma coisa, outra é você chegar com a manga picadinha, geladinha e docinha para eles… Muitas crianças comem por exposição, precisam ver os alimentos. Se apenas perguntar se estão com fome, elas dirão que não. Mas se virem o alimento, aí é diferente”, salienta Márcia.
Tanto Márcia quanto Suely são contra a ideia de disfarçar os alimentos saudáveis em meio a outros para ofertar à criança. Elas acreditam não ser a forma mais eficiente de promover a boa alimentação. “Precisamos investir em educação. Começar hoje para ter retorno daqui a 20, 30 anos. É necessário conscientizar os pais que nunca se teve tanto câncer como nos dias de hoje. Que o sobrepeso, a obesidade, o diabetes e a anemia infantis são problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Não temos que ´fazer´ a criança comer fruta no lanche da escola. Devemos ensinar e ensinar, e ensinar, e oferecer, e oferecer e oferecer… até que ela entronize este conhecimento e este sabor”, afirma Suely.
Fontes: Márcia Mendes, nutricionista da empresa Nutrifam. Dra. Suely Prieto de Barros, pesquisadora e nutricionista clínica do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (Centrinho – USP).
Leia também:
Entenda a importância da boa saúde da mãe para a primeira alimentação do bebê
Alimentação: Conheça os benefícios do iogurte para as crianças
Má alimentação pode acarretar desempenho ruim na escola
Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.