Os números são alarmantes. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, há 124 milhões de crianças obesas no mundo. Em 1975 eram 11 milhões. No Brasil, cerca de 50% das crianças estão acima do peso. Há 40 anos era uma criança obesa a cada 100, hoje são 10 meninas e 8 meninos. Números que mostram a extensão dessa realidade, crianças com tendências a serem adultos obesos.
Ainda de acordo com a OMS, a obesidade já é considerada como doença, e os reflexos são: elevação dos níveis de colesterol, desencadeando doenças coronarianas e levando à morte prematura; diabetes tipo 2 com suas sérias complicações; desgastes ósseos; problemas de auto-estima e até depressão, uma outra “epidemia mundial”.
Segundo o endocrinologista Dr. Fabiano Lago, a criança obesa sofre preconceito e bullying, tende a se isolar, ter baixa auto-estima, muitas vezes descontando a tristeza na comida. Ela deixa de praticar esportes, de sair e, como sedentária, só faz aumentar ainda mais o peso. Outro dado importante é que a criança magra até os 7 anos não será necessariamente um adulto magro e vice-versa. O pequeno com sobrepeso pode não ser um adulto obeso. “Na puberdade é quando se determina a estrutura física básica que carregamos o resto da vida”, comenta o endocrinologista.
O médico explica que o ideal é fazer com que as crianças estejam no peso saudável até os 11 ou 12 anos, início da puberdade. “Nessa fase do estirão do crescimento, os hormônios estão orquestrados para a multiplicação celular. Se ao entrar na puberdade a criança permanecer com excesso de peso, os hormônios fazem com que ela multiplique muito o número das células de gordura, levando à temida obesidade hiperplásica, ou seja, promovendo um excesso de bilhões de células de gordura, aumentando muito o risco de obesidade mórbida na vida adulta”.
O médico ainda indica maneiras especiais para tratar a criança e o jovem obeso e ressalta a importância do envolvimento de toda a família. “Eu me torno amigo dos meus pequenos pacientes em fase de reeducação alimentar, e não alguém que impõe um sofrimento. Os pais precisam estar engajados no tratamento, evitando o termo dieta, falando em alimentação saudável para toda a família, mudando apenas um hábito por consulta, facilitando assim o processo de mudança”, explica Fabiano.
Fonte: Dr. Fabiano Lago, endocrinologista do Spa Estância do Lago.