As mudanças sociais aceleradas e uma nova forma de atuar em sociedade chama as escolas para refletir sobre sua função social para fora dos muros da instituição. Pensar em implementar um programa de ações colaborativas com outras escolas e parceiros é uma opção sustentável, que deve ser levada em conta pelos diretores.
Quero começar este post com uma reflexão para os gestores das escolas: O que os pais buscam em uma escola para matricular seus filhos? O que eles esperam da escola?”
Muitos responderão que a escolha da escola se dá por variados motivos, como a proximidade (de casa ou do trabalho), a disponibilidade de vaga, a estrutura física, o sistema de ensino, o corpo docente, o preço da mensalidade (no caso das particulares), a alimentação oferecida, e muitas outras razões, chegando até àquelas que mais aprovam no vestibular.
A reflexão aqui não é para analisar os atributos avaliados pelas famílias, mas dizer pra você que o mundo mudou e continua mudando de forma aceleradíssima. O que não era tão relevante num momento de escolha há 20, 30 ou 40 anos, hoje é visto como uma condição imprescindível, essencial, necessária para a formação integral do individuo.
Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Noa, em março deste ano, com famílias beneficiadas pelo programa Escolas do Bem – que é um programa de responsabilidade social voltado para as escolas – notou-se que os pais prezam por atividades que vão além da aprendizagem que a criança recebe na escola.
Atividades que proporcionam o “estar junto” com a criança e que melhoram o bem-estar da comunidade e do meio-ambiente obtiveram maior preferência por parte das famílias.
Com relação à participação dos pais em campanhas solidárias realizadas pelas instituições participantes do Programa Escolas do Bem, as famílias se mostram propensas à adesão em atividades que promovem o bem-comum.
Seis em cada 10 pais participaram de campanhas como a que troca lacres de alumínio por cadeiras de rodas e a Feira de Troca de Brinquedos.
Quando perguntados se o fato de a escola participar deste programa de responsabilidade social contribui para a construção de uma cidade melhor, 80,3% respondentes assinalaram positivamente essa afirmação, como mostra o gráfico abaixo
E o dado mais contundente sobre o orgulho dos pais em ter os filhos estudando em uma escola que desenvolve um programa de responsabilidade social – e se indicariam essa escola para outra família: 100% dos respondentes estão satisfeitos e sim, indicariam a escola para outros pais!
Este é o ponto mais importante se analisado em uma época em que as instituições estão enfraquecidas, incluindo a familiar. A falta de tempo dos pais e a rotina tumultuada por conta de infinitos compromissos e pressões financeiras, além do monopólio das tecnologias, desmantelam os vínculos familiares. Mas na essência, a família ainda quer e precisa ficar unida, ainda que as atividades sejam propostas pela escola, que é a sua referência.
Se não fosse só isso. Em épocas de crise como a que vivemos nos últimos anos, centenas e centenas de escolas particulares fecharam suas portas em todo o Brasil por conta da evasão de alunos para as escolas públicas. E não apenas em época de crise, centenas de escolas finalizam suas atividades todos os anos por problemas administrativos e financeiros, pela falta de alunos, pela falta de professores capacitados, pela falta de comprometimento da equipe ou por diversos outros motivos.
As escolas públicas também sofrem e se queixam com a baixa qualificação dos equipamentos físicos e humanos, pela falta de interesse dos governos em investir na educação e em melhorias tão necessárias para a qualidade do ensino.
Tanto públicas quanto privadas, não concordo com essa vitimização e essa espera de que algo externo aconteça (um milagre!) para melhorar as condições da educação ou de sua escola. Sabe por quê? Porque enquanto escolas fecham, vão à falência, não conseguem resolver seus problemas internos, outras estão crescendo, ganhando credibilidade, ampliando suas instalações, contratando e capacitando mais profissionais, realizando um trabalho educacional de qualidade. E reafirmo: tanto no público quanto no privado.
A questão é uma só: GESTÃO!
Para melhorar ou mudar a gestão, é preciso olhar pra dentro, para a atuação da diretoria, dos líderes, dos proprietários ou mantenedores. A mudança tem que começar pelo gestor, em suas atitudes, seus comportamentos, seus ideais, suas causas e preocupações. Começa de cima pra baixo – e de dentro pra fora!
Ao lançar e defender a proposta de implementar um programa de responsabilidade social nas escolas, promovendo uma convivência colaborativa com demais instituições de ensino de sua cidade, de seu bairro, estamos atuando pela sustentabilidade. Não apenas de uma escola, mas de todos os envolvidos.
Existe uma resistência a essa mudança comportamental, por parte dos diretores, que vem sendo quebrada pelos mais ousados e pelos que realmente estão engajados na formação de uma sociedade melhor e pela preservação do planeta.
Implementar uma proposta transformadora, como o programa Escolas do Bem, não é nada complicado – e nem caro. O programa ajuda no fortalecimento de gestão escolar, promove a capacitação dos educadores e orienta as famílias quanto aos cuidados para o desenvolvimento integral da criança nos primeiros anos de vida. E os resultados são muito mais visíveis e apoiados em ações sustentáveis.
Por Lucy De Miguel, presidente do Instituto Noa e idealizadora do Programa Escolas do Bem.