Para muitos pais a gravidez da esposa é como se fosse um filme. Eles assistem, se emocionam, mas se comportam como mero espectadores. Até porque, muitos desconhecem a importância da participação ativa do pai em todos os momentos – da gestação ao nascimento, no pós-parto e na amamentação, e por aí vai.
Mas este comportamento vem mudando. “Desde a década de 60 tem ocorrido um aumento da participação dos pais e companheiros afetivos durante todo o processo do parto e nascimento. Isso tem auxiliado os profissionais e as famílias a melhorar a atenção à saúde das mães e dos bebês”, destaca a enfermeira Mayara Segundo Ribeiro, que também é doula e educadora perinatal.
Pai não é visita!
A partir da criação, em 2005, da lei 11.208, conhecida como Lei do Acompanhante, muita coisa está mudando – e outras ainda precisam mudar. A participação dos homens na sala de parto foi reforçada e muitos papais começaram a prestar toda a assistência às mamães na hora mais intensa e especial da vida de um casal. A postura deles neste momento tem se modificado e essa nova geração de pais tem uma tendência muito mais prestativa e envolvida na hora de trazer a criança à luz.
“Evidências científicas mostram que o apoio emocional no parto é uma medida simples que pode melhorar muito a experiência, sendo associado com menor risco de solicitação de analgésicos, menos risco de cesárea ou de uso de fórceps, menor risco para a saúde do bebê, maior satisfação com o parto, menor risco de lesão do períneo, menor risco de desmame precoce e de dificuldades de maternagem no pós-parto, entre outros”, destaca Mayara.
Vínculo reforçado
É ali, na sala de parto, que já começa a nascer a relação mais importante e forte de toda uma vida: a que ocorre entre pais e filhos. Ao deixar a barriga da mãe, o bebê se sente inseguro e solto no mundo, até que é colocado no colo e pode se aconchegar e receber proteção. “Nesse momento, o olho no olho do pai, da mãe e do bebê é de extrema importância para que ocorra o imprinting, que é um fenômeno descoberto pela neurociência, considerado o amor à primeira vista. Foi percebido primeiramente nos animais através de estudos sobre o processo pelo qual um animal recém-nascido reconhece sua mãe. O imprinting comprova o quanto é importante os primeiros momentos dos pais com o bebê para a criação do vínculo”, ensina Mayara.
Papel de pai
O pai tem papel fundamental durante a gestação, e apesar de não carregar o bebê, ele deve estar tão presente quanto a mãe em todas as questões da gestação, do parto e da vida de seu filho, cercando-se de conhecimento sobre cada etapa desses processos. A presença e o amor tornará a relação intensa e produtiva, como afirma Mayara. “A compreensão e o carinho são tão essenciais quanto a presença do homem no processo que vai da reprodução ao nascimento. Para que a inserção dele nesse processo seja exitosa, é primordial que ele compreenda que sua companheira, bem como a família, está passando por transformações e cabe a ele ofertar uma base sólida e suporte emocional”, diz.
Fontes: Mayara Segundo Ribeiro, enfermeira formada pela USP – Ribeirão Preto, mestranda em Saúde Pública pela USP – Ribeirão Preto, doula, educadora perinatal, consultora em amamentação.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.