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Com o objetivo de fazer o bebê comer só o quanto e o que quiser (dentro do que pode ser oferecido, é claro), a irlandesa Gill Rapley, consultora em saúde, criou o método BLW – Baby Lead Weaning, em português, Desmame Guiado Pelo Bebê. Ele dispensa talheres e as papinhas prontas encontradas no mercado.
“Nesse método, após os seis meses de idade, alimentos sólidos são oferecidos aos bebês, em tamanhos e formas que o permitam segurar e se alimentar com as próprias mãos, escolhendo o que comer, na quantidade e velocidade que quiser”, destaca a nutróloga Patricia Savoi Canineu. Diante das opções, é o bebê quem segura os alimentos e experimenta – o papel dos adultos é apenas oferecer alimentos saudáveis.
As vantagens do método BLW é que a criança come o tanto que precisa, nem mais, nem menos. “É diferente de ficar insistindo naquela papinha de alimentos misturados, até acabar. Se a criança tiver fome, dará sinais pedindo mais comida. Por isso, nesse momento não estabeleça muitas regras de quantidade e horários rígidos, ofereça conforme ela demonstrar necessidade”, indica Patricia. Além disso, a criança fica livre das papinhas industrializadas que, apesar de já existirem em opções sem aditivos químicos, não permitem à criança conhecer o real formato e sabor dos alimentos naturais.
Como começar
Antes de optar por um ou outro método, que tal conversar com o pediatra sobre a introdução de alimentos sólidos no cardápio do bebê?
A nutróloga dá dicar para aqueles que desejam seguir o método. Veja!
– Certifique-se de que o bebê já sabe ficar sentado para comer. Coloque-o de frente para a mesa, no colo ou no cadeirão, deixando-o em segurança, porém livre para usar as mãos.
– Escolha alimentos fáceis de cortar em palitos ou tiras grandes e introduza novas formas e texturas gradualmente. “Comecei com frutas como manga, pera e maçã; cenoura em palitos, pedaços de carne em tiras, batata e mandioquinha cozidas”, lista a especialista.
– Não espere que o bebê coma muito no início: muitos só comem pequenas quantidades nos primeiros meses de desmame BLW, o que não compromete a nutrição, já que a criança ainda continua recebendo nutrientes do leite materno.
A criança pode pensar que as refeições são momentos de brincar e, por isso, haverá bagunça! “Lucca jogava muita comida no chão, mas aqueles alimentos de que gostava mais, consumia quase inteiros. Eu deixava as opções no cadeirão, ele as sentia e comia conforme tinha curiosidade e fome”, relata Patricia. Em vez de dar o alimento diretamente à criança, coloque-o em sua frente e deixe-a escolher e pegar com as próprias mãos.
– Faça das refeições um momento agradável: não fique dando bronca, corrigindo ou limpando a todo momento.
– Disponibilize água para o bebê durante as refeições.
– Corte pequenos alimentos ao meio, como azeitonas e cerejas, removendo todos os caroços e sementes.
– Não deixe que ninguém, exceto o bebê, coloque a comida em sua boca.
O que evitar?
Priorizar legumes, frutas e outros alimentos naturais já é garantia de um começo de alimentação saudável. Porém, é importante evitar certos ingredientes nessa fase, como:
– Sal: todos os sabores ainda são novos para o bebê, portanto não há a necessidade de temperos como o sal, que em excesso prejudica a saúde.
– Açúcar: apesar de o sabor doce já ser conhecido pelo bebê por causa do leite materno, é essencial evitar a adição de açúcar aos alimentos oferecidos. “Não há quantidade recomendada de açúcar até o primeiro ano de idade. A quantidade é zero. Suco de limão pode ser oferecido sem adoçar, nós nos acostumamos a bebê-lo cheio de açúcar porque é cultural, mas o ideal é a criança se habituar à menor quantidade do produto possível”, avisa a nutricionista Ana Ceregatti. Produtos com açúcar, como iogurtes e geleias também devem ficar fora do cardápio pelo menos até o bebê completar um ano, inclusive os queijos petitsuisse, tão comuns de serem oferecidos nessa fase.
– Fastfood e refeições prontas: pela baixa qualidade nutricional.
– Mel: como o sistema gastrointestinal da criança ainda não está totalmente desenvolvido, não consegue eliminar as possíveis bactérias de botulismo presentes no produto e o risco de sofrer intoxicação é alto.
– Mariscos, tubarão e marlin (tipo de peixe).
– Ovos mal cozidos.
Nossas fontes:
Ana Ceregatti é nutricionista
Mirian Rika é neonatologista do Hospital e maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo
Patricia Savoi Canineu é nutróloga