Pele do bebê
Pele do bebê exige cuidados especiais durante o inverno
23 de agosto de 2018
educação
Especialista aborda os desafios da educação de crianças surdas
24 de agosto de 2018

Dores na idade adulta pode ser consequência de má postura na infância

Dores

De acordo com a SBED (Sociedade Brasileira para Estudo da Dor), três em cada dez brasileiros se queixam de dores. Estudos sobre dor crônica no Brasil mostram que a prevalência varia de 30% a 50% – informação que tem cada vez mais chamado atenção de profissionais de saúde dispostos a atenuar o problema e contribuir para melhorar a qualidade de vida desses milhares de pessoas.

Na opinião do médico ortopedista Lafayette Lage, especialista em joelho e quadril, as queixas mais comuns são dor nas costas e no pescoço, mas há também um determinado tipo de dor de cabeça que está associado a problemas de postura.

O médico alerta que muitas queixas de dor crônica na fase adulta estão diretamente ligadas a maus hábitos posturais na infância. Sendo assim, quando a gente ouve um adulto relativizar o fato de que uma criança tem mania de “sentar em W”, está na hora de saber o que isso pode acarretar quando estiver mais velha. Afinal, enquanto é pouco comum ouvir um jovem reclamar de dor (com exceção dos atletas, claro), depois dos 50 anos essa é a lamentação mais frequente.

Para o especialista, os problemas de má postura em criança começam cedo. Antes mesmo de ir para a escola, os adultos acham graça quando a menininha ou o menininho senta-se em forma de W, desconhecendo os riscos que a repetição desse hábito acarreta para a fase adulta.

“A criança aprende a andar quase ao mesmo tempo em que aprende a brincar, a se desafiar do ponto de vista da motricidade. Ao sentar-se em forma de W ela busca maior equilíbrio do tronco e estabilização do quadril. Quando os pais não interferem nesse padrão, ela não desenvolve recursos de movimento mais maduros – necessários para outras habilidades”, afirma Lage.

Segundo o médico, esse tipo de padrão pode causar um desvio rotacional do fêmur ou da tíbia, levando ao desalinhamento da articulação da patela do joelho (articulação femoropatelar) – que, por consequência, leva à condropatia e provoca muita dor no joelho de jovens e adultos.

“Essa é, inclusive, uma das causas da condromalácia patelar – que é o amolecimento da cartilagem que envolve a patela (rótula). A melhor coisa a se fazer é desestimular a criança a sentar-se desse jeito logo de início, propondo variações de forma natural. A postura ideal é em ‘posição de índio’, com as pernas cruzadas à frente do corpo”, explica Lage.

No caso de crianças e adolescentes em fase escolar, Lage chama atenção para a quantidade de horas que os alunos passam sentados nas carteiras ou cadeiras universitárias em sala de aula, geralmente com o tronco e o pescoço inclinados para frente ou, pior ainda, com o corpo quase que deitado no assento e o pescoço apoiado no encosto.

“É grande o número de crianças que se queixam de dores no corpo durante as aulas. O problema é que os adultos não levam isso tão a sério quanto deveriam. E um dos motivos é que a queixa acaba assim que o jovem se levanta e vai praticar atividades esportivas ou recreativas. Mas, imagine o que um problema postural que se arrasta por mais de 15 anos de vida acadêmica não é capaz de fazer quando a criança se torna um adulto sedentário e acima do peso ideal”, avalia o médico – chamando atenção, também, para o peso excessivo que os jovens carregam em suas mochilas e que pode comprometer a coluna no médio ou longo prazo.

Lafayette Lage faz um alerta, por fim, sobre problemas de postura na hora de dormir – e que precisam ser corrigidos a tempo de não se transformarem em dor crônica.  “A pior posição para pegar no sono é a de bruços, com o pescoço voltado para um dos lados. Imagine passar horas durante a noite – principalmente quem pouco se mexe – com a espinha dorsal fazendo um S. Com o passar dos anos, é praticamente impossível que essa pessoa não venha se queixar de problemas musculares, compressão nos nervos, e até mesmo de dor de cabeça”.

O médico destaca que a posição mais comum para dormir, que é a fetal – em que a pessoa se deita de lado e flexiona os joelhos – pode ser boa para quem tem problemas de ronco, mas não deixa de forçar o pescoço no travesseiro. “O paciente deve pelo menos encontrar um travesseiro que tenha a altura exata da largura do seu ombro, permitindo que a cabeça fique bem apoiada e o pescoço possa descansar enquanto dorme”.

Laje explica que a posição de barriga para cima é ideal para quem sofre de dores no pescoço e nas costas. “Ela também contribui para reduzir o refluxo gastresofágico e prevenir rugas. O único problema é que induz ao ronco. Mas, como isso se transforma realmente num incômodo somente depois dos 30 ou 40 anos, o ideal é acostumar a criança a dormir de barriguinha para cima mesmo, enquanto pode”, finaliza.

 

Por Hugo Shigematsu

 

Fonte: Lafayette Lage, médico ortopedista.

 

Leia também:

 

Entenda a importância da avaliação postural infantil para a saúde da criança

 

Crianças e tablets: uma relação que pode comprometer a visão infantil

 

Gorduras são fundamentais na alimentação infantil

 

Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.