Uma das questões que mais inquieta os pais, acerca da alimentação de seus filhos, se relacionam com o período das férias. Como conciliar uma alimentação saudável em uma época tão especial e fora da rotina?
Na verdade podemos aproveitar este período especial e de maior aproximação das famílias para explorar as possibilidades de mudanças de hábitos alimentares, contudo sem atrapalhar o clima de alegria e diversão das férias.
Estudos na Universidade de Loughborough – um dos principais centros de pesquisa em psicologia infantil, com especialização em hábitos alimentares infantis – liderados pelas Dra. Gemma Witcomb e Dra. Emma Haycraft, criaram uma lista de dicas para combater o repúdio das crianças às saladas, frutas e verduras.
A biologia evolutiva dá às crianças uma oportunidade maravilhosa durante o período de férias: uma desculpa científica comprovada para não gostar dos vegetais. Nossos ancestrais aprenderam a desenvolver uma preferência por sabores doces, que sinalizavam alto conteúdo de energia, sobre alimentos amargos, que corriam o risco de ser podres, à medida que caçavam e se alimentavam para sobreviver.
Então os jovens não estão sendo estranhos quando dizem que não gostam de verduras, eles estão simplesmente exibindo instintos naturais de nossos ancestrais coletores. A recusa alimentar é, na verdade, um estágio previsível do ponto de vista do desenvolvimento, pelo qual a maioria das crianças passa, com um pico de 18 a 24 meses de idade. Se o seu filho estiver nesta fase da vida, não se surpreenda se a oferta de verduras não for engolida com muita alegria. Igualmente, não se surpreenda se eles parecerem mostrar mais interesse em comer doces e sobremesas nas férias do que as saladas. A preferência por sabores doces e a antipatia por sabores amargos são inatas e estão fortemente enraizadas em nossa biologia evolutiva, além de conterem alta densidade de energia. O importante é como esses comportamentos alimentares são gerenciados.
Combata a confusão e as brigas durante as férias com estas dicas:
1- Relaxe a pressão: o período de férias é bastante estressante. Não se concentre na rejeição dos vegetais por parte do seu filho e não o pressione a comer algo que ele não quer. Não é o momento para incentivá-lo a gostar disso a longo prazo.
2- Aproveite as muitas refeições e encontros familiares como uma oportunidade para modelar um comportamento alimentar saudável: as crianças aprendem com os outros e, muitas vezes, tentam um novo alimento se virem outras pessoas comendo e desfrutando. Existe um vegetal que você está lutando para convencer seu filho a comer? Sirva-se em uma refeição em família e faça com que os outros se envolvam em mostrar ao seu filho que o gosto é bom.
3- Observe o tamanho das porções, pois nas férias estão frequentemente associadas ao excesso e à permissividade. Certifique-se de não fornecer quantidades pouco realistas às crianças e, tampouco, pressione-as para que comam tudo. Continuamente, isso leva a criança a não reconhecer quando está satisfeita, além de não promover refeições alegres e saudáveis.
4- Elogie seu filho por comer (qualquer quantidade) de sua refeição e por experimentar novos alimentos. Todos gostamos de elogios e isso motiva os pequenos a novos hábitos alimentares.
5- Evite ter muita comida à mostra, se você não quer que seu filho coma. A restrição ostensiva a um tipo de alimento torna-o altamente valorizado e, consequentemente, este alimento passará a ser consumido em excesso quando o acesso for livre. Tente manter a comida fora da vista até que a criança esteja na cama ou, ainda, você pode fracioná-la em porções do tamanho apropriado. Isso facilita que a criança aprenda a comer com moderação.
6- Lembre-se: estão de FÈRIAS e alguma indulgência é permitida como parte de um estilo de vida saudável.
Quando confrontados com uma criança que tem uma dieta limitada, recusando alimentos, incluindo alguns alimentos que já provaram e gostaram anteriormente, e mostrando preferências apenas por alimentos pouco saudáveis, muitos pais sentem-se inseguros sobre como administrar cada refeição. E, em alguns casos, as táticas usadas podem exacerbar inadvertidamente o problema. Mas acredite: seguindo estas simples dicas você estará contribuindo para uma educação alimentar e pode encorajar os pequenos a melhorar a dieta, despertando hábitos alimentares saudáveis.
Fonte: Universidade de Loughborough.
Leia também:
Crianças mais velhas têm menos chances de experimentar novas comidas saudáveis, afirma especialista
Alimentação complementar é fundamental para o bom desenvolvimento
Crianças esportistas precisam de mais cuidados com a alimentação
Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.a