Que o perfil dos filhos mudou, ninguém duvida. Eles são mais tecnológicos, lidam com diversos temas simultaneamente e têm voz ativa por meio das redes sociais. E o pai? Para manter a conexão com as novas gerações, cabe a eles estar atento aos assuntos e atividades que os filhos gostam, ler e ouvir o que eles buscam, conhecer seus amigos, mas também mostrar que estão abertos a aprender com os filhos.
“É claro que os pais sabem muito e têm muito a ensinar sobre valores que são atemporais como educação, gentileza, ética, respeito e empatia”, explica Marco Gregori, criador da Rede VIAe. “Mas há uma novidade importante: os pais também devem mostrar capacidade de aprender com os filhos, que realmente têm muito para ensinar. Hoje, a relação é muito mais intensa e ocorre em mão dupla, diferentemente de décadas atrás, quando o aprendizado cabia quase que unicamente aos filhos”, completa.
Para os pais, a principal vantagem de estar aberto a este aprendizado é resgatar a criatividade, a paixão e a sinceridade típicas de crianças e adolescentes. “Crianças são enérgicas, interessadas e sinceras com seus sentimentos. Adolescentes também. Eles têm uma paixão contagiante. Aprender com eles permite aos pais ter novamente estes elementos em suas vidas”, diz.
Se o aprendizado hoje ocorre de pai para filho e vice-versa, ainda cabe aos pais ser um orientador para os filhos. “Não é porque os jovens têm hoje muito mais capacidade de ensinar que a orientação dos pais tornou-se supérflua. O pai pode e deve ajudar os filhos a escolher os melhores caminhos em diferentes momentos da vida, trazendo experiência, injetando confiança e dando apoio. Colocar-se como alguém que pode aprender com o filho não significa abrir mão do papel de orientador, embora haja muita confusão sobre isso”, diz Gregori. “O pai reúne experiências que os filhos não têm. Ele percebe lacunas da criança de um prisma diferente. Ele pode e deve ajudar o filho a desenvolver suas habilidades e a se preparar para um mundo que demanda mais colaboração e capacidade de empreender, por exemplo”.
Do mesmo modo que o papel de orientação segue, a importância do bom exemplo paterno também. “A conduta dos pais continua sendo algo que os filhos observam e com a qual aprendem de maneira muito mais intensa. Não basta apenas o pai explicar conceitos, falar em ética, destacar sua importância, se ele não a pratica. Os filhos são observadores. Querem ver coerência entre o que o pai prega na teoria e o que ele faz na prática. Por isso, é fundamental não apenas discursar, mas praticar valores como convivência, respeito ao próximo, capacidade de partilhar e de falar a verdade”, diz Gregori.
Fonte: Marco Gregori, criador da Rede VIAe.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.