Até os três anos, é comum ouvir chiados enquanto o bebê respira. Embora alguns desses bebês cresçam sem desenvolver doença respiratória, outros começam a apresentar dificuldade para respirar, brincar e ficam muito ofegantes durante atividades físicas. À noite, acordam tossindo e com falta de ar e, por isso, não conseguem dormir bem. Nos dias mais frios e secos de inverno, elas ficam resfriadas facilmente e as idas ao pronto-socorro são mais constantes. É bem provável que você conheça uma criança que tenha enfrentado essa rotina, causada pela asma (popularmente chamada de bronquite) e acredite que esteja sob controle.
Além de afetar a saúde dos pequenos, a doença que é crônica e tem origem genética, tem grandes impactos no cotidiano da família como um todo – o que poderia ser evitado com o tratamento adequado.
Caracterizada pela dificuldade da passagem de ar nas vias aéreas, o que provoca chiado no peito, a asma costuma se manifestar durante a infância e, se for diagnosticada precocemente, pode ser controlada, evitando as crises de falta de ar. Estudos apontam que cerca de 50% a 80% das crianças asmáticas desenvolvem os sintomas da doença até os cinco anos.
Por isso, é muito importante que os pais conheçam bem a doença e saibam exatamente como agir ao perceber os primeiros sinais. O diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, Dr. Mauro Gomes, explica que a asma pode causar vários impactos na rotina das crianças. “É muito
importante que os pais e professores das crianças estejam atentos aos sintomas,
queixas e comportamento deles durante todo o dia”.
Por ser uma doença sem cura e que acompanha o paciente durante toda a vida, a asma tem impactos diretos na rotina. No ambiente escolar, por exemplo, a criança pode ter queda de desempenho nas atividades e dificuldade para acompanhar o ritmo dos colegas em brincadeiras ou esportes, o que pode gerar seu afastamento do grupo. Sem o tratamento adequado, as crises de falta de ar podem causar mais faltas às aulas e idas frequentes ao pronto-socorro.
Já em casa, essas crises podem surgir caso o ambiente não seja preparado para os pacientes. O acúmulo de poeira e mofo, o excesso de bichinhos de pelúcia no quarto e a falta de ventilação e umidade podem desencadear crises, inclusive atrapalhando o sono dos pequenos. “Essas situações são indícios claros de que a criança sofre com asma moderada ou grave, inspirando atenção não apenas para minimizar os gatilhos, mas em rever o tratamento. É muito comum recorrer a medicação de alívio com frequência e precisamos ampliar a conscientização dos pais para buscarem tratamento adequado e contínuo”, reforça Dr. Gomes.
Por esses motivos, o especialista ressalta que diagnóstico precoce e tratamento adequado são os pontos mais importantes para a redução dos sintomas da asma moderada ou grave e dos impactos significativos no desenvolvimento social e educacional das crianças.
Muitas vezes, a falta de compreensão da doença por parte da família, cuidadores e professores pode piorar a situação e desmotivar os pacientes. Essa realidade é alarmante, visto que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a asma atinge cerca de 11% da população infantil entre 6 e 7 anos. Entretanto, seguindo o tratamento contínuo, a criança pode se desenvolver normalmente e consegue brincar e praticar qualquer esporte, como todos seus amigos.
Para ampliar a conscientização do cuidado correto com a asma grave, a sociedade médica reforça a recomendação da GINA (Global Initiative for Asthma) que considera a condição como não controlada, se a criança apresentar os seguintes itens nas últimas quatro semanas: despertares noturnos devido à asma, sintomas diurnos e uso de medicamento de resgate mais de duas vezes por semana; ou qualquer limitação de atividade devido aos sintomas.
No caso das crianças, as atividades escolares costumam ser as mais prejudicadas justamente por não conseguirem ir diariamente nas aulas. O Dr. Mauro Gomes indica que um medicamento para crianças com asma moderada e grave foi aprovado nesse ano. “O tiotrópio é indicado para asma em adultos no Brasil desde 2015 e agora é uma alternativa para as crianças a partir dos 6 anos. Ele melhora a função pulmonar e pode reduzir em 21% o risco de exacerbações da asma”.
Fonte: Dr. Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.