Cuidados preventivos são essenciais, já que as doenças periodontais aumentam a incidência do parto prematuro e do nascimento com baixo peso. (Imagem: Canstock)
A maioria das mulheres sabe da importância da realização e acompanhamento médico ao longo da gestação. O que nem todas lembram, no entanto, é da importância dos cuidados com a saúde bucal neste período. Sabe-se hoje, por meio de estudos internacionais, que a doença periodontal pode aumentar o risco para o parto prematuro (antes das 37 semanas) e o nascimento do bebê com baixo peso (abaixo de 2.500 gramas).
A antecipação do parto ou nascimento de baixo peso do bebê acontecem em razão da presença de células inflamatórias no organismo da mãe provenientes da doença periodontal, as quais podem elevar as concentrações de prostaglandina (substância responsável pelas contrações na hora do parto).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença periodontal acomete todos os públicos, desde os 12 anos até os 75 anos de idade. Entre os brasileiros, cerca de 47% da população já apresentou algum sintoma do problema.
” A doença periodontal acomete desde a gengiva como o osso que sustenta o dente, o que significa que, caso seja negligenciada, pode levar à perda do dente. Além disso, é comum a pessoa ter mau hálito e dificuldade para mastigar por causa de dores no local”, esclarece a odontopediatra e professora Sandra Kalil.
Com o aumento dos níveis hormonais na gestação, é comum ocorrer alterações no tecido gengival, aumentando a incidência da gengivite. Além da escovação regular dos dentes após as refeições e uso do fio dental, uma forma de prevenir o incômodo são as visitas periódicas ao dentistas. “Antes de planejar a gestação, é importante que a mulher marque uma visita ao dentista para check-up da saúde bucal. Caso seja necessário, são indicadas as profilaxias (limpezas) para retirada do cálculo dental (tártaro)”, recomenda.
As alterações hormonais da gestante também interferem na composição da saliva, reduzindo sua capacidade de neutralizar o pH da boca, multiplicando as chances para o desenvolvimento das temidas lesões de cárie. “E os lanchinhos ao longo do dia também aumentam a incidência das novas lesões de cárie, que podem surgir. Isso ocorre porque a escovação ou uso do fio dental são esquecidos”, lembra a Dra Sandra.
Pesquisas mostraram também que filhos de mães com alta incidência de cárie podem nascer com uma maior predisposição ao problema. Lembrando que cárie é uma doença açúcar dependente. Outro sinal de que os cuidados antes do nascimento do bebê são fundamentais para que ele adquira ao longo da vida uma dentição saudável.
Os enjoos matinais, comuns nos primeiros meses da gestação, também podem ser um perigo para os dentes, porque fazem com que algumas mulheres deixem de escová-los. As futuras mamães dizem que a higienização com a pasta de dente piora o enjoo, agravando a ânsia de vômito. “Esse é mais um erro que deve ser evitado. Ao negligenciar a escovação, abre-se o caminho para uma série de problemas dentais”, lembra a Dra Sandra. Segundo a odontopediatra, recomenda-se mudar de pasta, mas nunca deixar de fazer a limpeza dos dentes.
“Caso a grávida vomite, é importante fazer um bochecho logo em seguida, já que o inconveniente prejudica o esmalte do dente devido à alteração do pH da boca. A dica é fazer um bochecho com água.”
Em relação ao uso de anestésicos, é importante conversar com o dentista, pois há métodos que podem ser usados, principalmente no primeiro trimestre da gravidez para tratamentos de lesões de cárie ou canal. Com atenção especial para algumas substâncias associadas ao anestésico com ação vasoconstritora que elevam a pressão arterial da gestante.