Os maiores tesouros que um pai e uma mãe podem ter são seus filhos. Os cuidados começam antes mesmo de a criança nascer, com a realização de exames para verificar a saúde do bebê, que cresce no útero da mãe, e cautela com os hábitos da gestante. “As crianças inspiram muita atenção por parte dos pais e são estes cuidados que garantem uma vida adulta mais saudável e confortável, especialmente no que diz respeito ao crescimento do rosto e o desenvolvimento da boca”, destaca o ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler.
Estudos científicos apontam que ao atingir quatro anos de idade, o rosto infantil possui praticamente 60% do tamanho que irá ter na fase adulta – isso reforça a necessidade de acompanhar de perto o desenvolvimento facial na infância, período no qual ocorre a maior parte do crescimento da face. “Se algum fator prejudicar o progresso ósseo do rosto, como a respiração bucal e uso de chupeta ou sucção de dedo(s), as consequências serão perceptíveis na adolescência. As deformidades faciais acabam gerando transtornos funcionais, estéticos e psicológicos para o indivíduo”, observa.
O especialista ressalta que por volta dos três anos de idade a primeira dentição já está completamente formada. O problema é que a região dentofacial, que representa cerca de 2/3 do rosto, é muito suscetível a deformações. “A respiração incorreta, caracterizada quando o ar é inspirado pela boca, é um exemplo de um hábito inadequado que causa prejuízos à saúde em geral. Entre os efeitos nocivos estão os distúrbios do sono, problemas na fonação e na estética facial”, explica Gerson.
O prognatismo de maxila (nome dado a projeção da arcada dentária superior, que deixa a criança ‘dentuça’) e o prognatismo mandibular, denominação da projeção da mandíbula e da arcada dentária inferior que dão o aspecto de ‘queixudo’, são anomalias dentofaciais que podem atingir as crianças. “O prognatismo de maxila é o mais comum e pode surgir na fase de dentição de leite, já o prognatismo mandibular é menos prevalente, porém mais agressivo e é associado a padrões genéticos herdados da família”, esclarece Gerson.
De acordo com Juarez Köhler, especialista em ortodontia e ortopedia facial, as alterações nas estruturas musculares e ósseas da face podem ser corrigidas com um tratamento precoce. “Aos sete anos de idade o percentual do crescimento craniofacial é de 70%, aos 12 anos é de 90% e no fim da adolescência o rosto está totalmente desenvolvido. Devido a esta rapidez quanto antes for iniciado o chamado tratamento de ‘Ortodontia Pediátrica de Acompanhamento’, melhor serão os resultados”, aponta.
O ideal é que os pais levem os filhos a um especialista da área a partir dos três anos de idade. Assim é possível acompanhar as principais fases de desenvolvimento ósseo e muscular da face. “É um tratamento de prevenção, o que significa que as estratégias terão resultados mais precoces pois neutralizam os fatores deformantes da face infantil direcionando-a novamente para seu crescimento normal. A isto se dá o nome de Ortotropia Facial. Em alguns casos o problema pode ser complexo e exigir várias fases de tratamento, de acordo com os estágios do crescimento corporal e facial. A vantagem é que é possível diagnosticar precocemente as alterações e minimizar a sua intensidade”, enfatiza Juarez.
Segundo Juarez, a questão psicológica também deve ser levada em consideração. O tratamento precoce ajuda a evitar situações nas quais a criança fica exposta e acaba ganhando apelidos pejorativos – às vezes até sofrendo ‘bullying’ – de amigos e colegas da escola. “As brincadeiras podem causar complexos, crises de auto-estima e auto-imagem. Além disso, o principal objetivo do tratamento é proporcionar um crescimento mais saudável, sem prejuízos à saúde geral, e com economia, segurança e conforto para a criança. As orientações também ajudam a conscientizar os pais em relação aos hábitos inadequados”, acrescenta.
Por Hugo Shigematsu
Fonte: Gerson Köhler, ortodontista e ortopedista facial; Juarez Köhler, especialista em ortodontia e ortopedia facial.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.