Que adulto resiste ao ver um bebê balbuciando e fazendo biquinhos para tentar se comunicar? É quase que natural entrar na conversa com o pequeno ao imitar a voz dele, para tentar se fazer entender. O que pouca gente sabe é que este gesto tem efeitos muito positivos no desenvolvimento cerebral da criança. É o que afirma uma pesquisa feita na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. De acordo com o estudo, os pequenos aprendem melhor quando suas ondas cerebrais estão em sincronia com as dos pais. E isso é possível quando os sons emitidos pelos adultos são semelhantes ao tom de voz dos bebês.
“Os bebês tendem a aprender melhor quando as mães se comunicam com eles usando uma voz bem calma e tranquila, que até imita um pouco o jeito dos próprios bebês. Essa ‘língua’ pode ser chamada de ‘motherese’ (linguagem de mãe, em uma tradução livre)”, disse ao portal BBC a pesquisadora Victoria Leong, que está liderando o trabalho.Isso acontece porque o cérebro dos pequenos estaria programado para entender melhor esse tipo de comunicação. Assim, eles entram facilmente em sincronia com o adulto e captam melhor o estímulo. Quanto mais o bebê ouvir “motherese”, melhor será o desenvolvimento de sua linguagem, já que esse tipo de som prende a atenção dele e soa mais claro.
Para o neurologista Rodrigo Alves Pereira, estas evidências da pesquisa vêm corroborar uma prática intuitiva dos pais. Ele explica que as conexões interneuronais na infância estão sendo refinadas constantemente e, para o aperfeiçoamento desta orquestração cerebral, tanto a questão da linguagem, quanto o estímulo visual, quanto as memórias demonstram ser essenciais. O pediatra Anselmo Shiota ressalta que as crianças que vivem em um ambiente familiar melhor estruturado e amparado pelo amor, incluindo a participação do pai nesta missão de se comunicar com os bebês usando uma voz calma e tranquila, apresentam um desenvolvimento cognitivo privilegiado. “Estimular a conversa, dar atenção e passar um tempo junto é muito bom para o aprendizado dos bebês”, diz.
Por Rose Araújo.
Fontes: Anselmo Shiota, pediatra e Rodrigo Alves Pereira, neurologista, ambos da Clínica Fares.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.