Cerca de 30% dos adultos têm medo de ir ao dentista, segundo dados da Sociedade Americana de Odontologia. Esse medo, porém, é mais comum na infância, quando a criança ainda não teve tantas experiências com consultas odontológicas e pode imaginar situações negativas.
“O medo pode surgir de uma comunicação que a deixe insegura, ou se ela não tiver suas curiosidades satisfeitas pelas respostas dos pais. Outra situação é comparar o dentista ao médico e a criança já apresentar medo de ir ao médico. Uma experiência ruim num primeiro vínculo com o dentista pode causar a rejeição para uma próxima visita, também”, diz a psicóloga Thais Rades, docente do Centro Universitário São Camilo.
“Hoje, técnicas mais modernas são utilizadas e a evolução tecnológica trouxe para a odontologia produtos de melhor qualidade, equipamentos que facilitaram a execução dos procedimentos pelos profissionais, tornando os atendimentos mais rápidos e mais confortáveis para os pacientes”, destaca o cirurgião dentista Rodolfo Segawa. Acalmar as crianças, contudo, vai depender também do comportamento dos pais e responsáveis e até mesmo do profissional. Confira algumas dicas!
Uma das primeiras formas de aprendizagem é a imitação – assim, os pequenos vão ter o mesmo comportamento dos pais frente a diversas situações, dependendo da idade. “Muitas vezes, a ansiedade que o próprio adulto apresenta em relação aos procedimentos do dentista (pois nem todo mundo, mesmo sendo adulto, encara essa situação com tranquilidade) se torna visível para a criança”, explica. Por causa do próprio medo, os adultos acabam encarando as perguntas da criança como medo em vez de apenas curiosidade em relação a algo que ela nunca fez. É fundamental, portanto, ter atenção aos próprios receios e esperar a criança demonstrar a curiosidade, respondendo às perguntas com tranquilidade.
“Nunca diga ‘se você não se comportar, vou te levar para o dentista para ele te dar uma injeção’. Procure sempre mostrar os pontos positivos, por exemplo ‘vou te levar para um lugar bem legal, tem muitas coisas que você nunca viu’, ou ‘o dentista é muito legal, ele veste uma roupa bonita’, etc.”, recomenda o cirurgião dentista. As consultas, seja com médicos, dentistas, psicólogos ou outros profissionais, não devem ser usadas como punição para um mau comportamento, já que elas são essenciais para garantir a boa saúde e o desenvolvimento da criança.
Além de destacar a importância de cuidar da boca e de ter dentes saudáveis, os adultos podem introduzir o papel do dentista ao conhecimento da criança com brincadeiras, escovando os dentes de bonecos, por exemplo, ou brincando de ser dentista, o que vai estimular a curiosidade dos pequenos. “Outra possibilidade é comentar sobre alguma pessoa conhecida que tenha esta profissão e ir contando que ela cuida dos dentes das pessoas, mostrando para a criança que a atitude de ‘cuidar’ de alguém faz daquela pessoa uma figura acolhedora. Também é bacana procurar algum livro infantil que fale sobre o assunto”, indica a psicóloga.
Os pais ou responsáveis podem fazer uma visita prévia ao consultório para conhecer o lugar onde vão levar a criança. “O profissional pode tornar o consultório com menos ‘cara’ de consultório, fazendo uma decoração própria para crianças, com cores alegres. O local pode ter brinquedos variados para diferentes idades, bichinhos de pelúcia, brinquedos para distribuir como prêmio e escovas de dentes próprias para cada idade”, exemplifica Rodolfo. Outra dica do dentista é dar um diploma de brincadeira para quem concluir o tratamento.
Para os adultos, trocar de médico é comum, em busca daquele que mais combine com o perfil do paciente e consiga estabelecer um vínculo quase de amizade. Para as crianças, escolher um profissional com quem ela se sinta à vontade também é importante. “Penso que a empatia do profissional é um dos grandes facilitadores desse processo”, destaca Thais. A criança pode ganhar mais confiança conhecendo o local e o profissional antes do procedimento odontológico, por exemplo. “Mostre a sala do consultório no momento da consulta, deixe que ela manipule alguns objetos e que faça perguntas antes de se sentar na cadeira”, recomenda a psicóloga.
O medo do dentista faz as consultas serem adiadas e um pequeno problema que poderia ser tratado facilmente pode acabar se tornando grave e exigir tratamento prolongado. Assim, uma rotina ideal é ir ao dentista a cada seis meses, ou pelo menos uma vez ao ano ou, ainda, sempre que surgir algum sintoma.
Fontes: Rodolfo Segawa, cirurgião dentista da Clínica Allegra Odontologia; Thais Rades, psicóloga e docente do curso de psicologia do Centro Universitário São Camilo.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.