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Acidente infantil: especialistas garantem que 90% dos casos poderiam ser evitado

acidente infantil

Difícil conhecer alguém que não tenha alguma história envolvendo acidentes infantil. Seja por estripulia, descumprimento da ordem dos pais ou pela curiosidade nata de explorar o mundo ao seu redor, os pequenos estão sujeitos a sofrer acidentes a todo o momento, principalmente durante a primeira infância.

Privá-los do acaso, não é possível. Mas conscientizar-se e colocar em prática algumas medidas de segurança é fundamental para a prevenção.

Coisa séria

Acidentes na infância é assunto sério, tanto que profissionais e organizações se empenham em estudar o tema e levar informação a toda a população. A ONG Criança Segura divulgou recentemente um levantamento sobre os índices de acidentes com crianças nos últimos 15 anos no Brasil. Felizmente, os números mostram que as ocorrências vêm diminuindo, provavelmente devido à conscientização de maior número de cuidadores, o que gera mudanças de comportamento. No entanto, o assunto ainda carece de atenção, já que um simples acidente pode levar à morte.

A divulgação da pesquisa é fundamental para a conscientização da população, uma vez que, no Brasil, acidentes é a principal causa de morte entre crianças e jovens de zero a 14 anos. “Para definir as medidas necessárias para mudar essa realidade é preciso que o governo, as organizações da sociedade civil e a população em geral saibam quais os tipos de acidentes que mais ocorrem, em quais faixas etárias e em quais locais”, destaca Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da ONG. Com base nos dados divulgados, é possível criar políticas públicas e ações de conscientização para diminuir o número de acidentes.

Dá para evitar

Especialistas alertam que 90% dos casos de acidentes com crianças podem ser evitados. Quanto mais informações chegarem à população, mais cuidados serão tomados, evitando, assim, muitos acidentes. “É preciso uma mudança cultural em relação aos cuidados. Os comportamentos voltados à prevenção devem fazer parte da rotina das famílias, tornando as gerações cada vez mais seguras e conscientes de seus deveres relacionados à prevenção de acidentes”, afirma a pedagoga Karen Roberta Moriggi.

Principais cuidados

Cada faixa etária requer um cuidado especial, porém, algumas medidas são básicas, como desde sempre conversar e explicar para a criança que algo é perigoso e não deve ser feito. Além disso, brinquedos sempre devem ter o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e respeitar a idade indicada.

Até o sexto mês:

  • Nesta fase o maior risco está relacionado à asfixia. É preciso estar atento a objetos disponíveis ao alcance do bebê, como brinquedos, cobertores e travesseiros. Atenção também no momento de amamentação e pós-amamentação, pois o leite pode levar ao engasgo.
  • Com o passar dos meses o bebê aprende a rolar e surge o risco de queda. Momentos como o do banho e da troca precisam de atenção. A dica é não colocar a criança para dormir em cama de adulto e o berço deve ter grade de proteção lateral com no máximo seis centímetros de distância entre uma e outra.

De 6 meses a 1 ano:

  • Ao sentar, engatinhar, ficar em pé e até mesmo dar os primeiros passos, há uma necessidade maior da observação do adulto, pois a autonomia recém-adquirida aumenta a possibilidade de queda e de afogamento (em baldes, piscinas, vasos sanitários etc). Grades perto de escadas, trancas em vasos sanitários e armários e tampões nos interruptores são algumas medidas práticas.
  • Ao frequentar piscinas, alguém sempre deve ficar responsável pela criança. Boias podem evitar o afogamento, mas não isentam do cuidado de um adulto.
  • Quedas de objetos sobre a criança são bastante comuns, por isso, evite toalhas longas nas mesas e deixar o cabo de panelas para fora do fogão, por exemplo.
  • Janelas e sacadas precisam ter grades de segurança.
  • No caso de convivência com animais de estimação, eles devem estar com as vacinas em ordem e um adulto sempre deve supervisionar as brincadeiras entre a criança e o animal. Também é importante ensinar a criança que ela não deve brincar com os animais enquanto eles estiverem comendo.

A partir de 2 anos:

  • Com mais autonomia e habilidade nos movimentos, aumentam os riscos apontados anteriormente; agora, as quedas podem ser de locais mais altos e com velocidade aumentada.
  • Ainda mais curiosa, há o risco de envenenamento, pois a criança pode abrir armários e garrafas e ingerir substâncias nocivas ao organismo. Portanto, produtos de risco, como de limpeza, remédios, venenos, entre outros, devem ficar em locais fora do alcance dos pequenos.
  • Atropelamentos também podem acontecer, pois nessa idade as crianças correm bastante e se desvencilham das mãos do adulto com facilidade. Por isso, é importante mantê-las por perto.
  • Cortinas ou persianas com cordas podem trazer o risco de estrangulamento. Evite-as ou mantenha-as presas.
  • Se o quarto tiver beliche, as crianças menores de seis anos devem ficar na parte de baixo. Se não tiver escolha, instale grades nas laterais.
  • As garagens não são um local seguro para as crianças brincarem. De qualquer forma, ao manobrar o carro, certifique-se de que não há nenhuma criança por perto.

Sem paranoia

Não há dúvidas de que com crianças todo cuidado é pouco. No entanto, também não vale ficar na “paranoia”, tirando a diversão e a liberdade das crianças. “As medidas de prevenção são importantes exatamente por isso. Em um ambiente seguro, que foi pensado para evitar acidentes, é possível deixar os pequenos livres sem muitas preocupações. Claro que a supervisão constante de um adulto é sempre necessária, mas quando os espaços são pensados para que as crianças brinquem nele sem se machucar, tudo fica mais fácil”, frisa Gabriela.

É natural da criança querer brincar e se aventurar no ambiente em que está – o que, na realidade, é saudável e traz muitos benefícios para o desenvolvimento. “Atenção, cuidado, prevenção e proteção se fazem com carinho e amor, e não com paranoia. A criança tem o direito de explorar os espaços, conhecer o mundo com seus próprios passos, senti-lo com as mãos e boca. Precisamos ter bom senso, evitar os riscos, mas permitir a descoberta. Observar, supervisionar, e não podar o desenvolvimento”, destaca Karen.

semaforo-vermelho

ACIDENTE é

ainda a principal

CAUSA DE MORTE

com crianças

de 0 a 14 anos

 

Choque de gerações

É verdade que avós e avôs podem ser considerados “pais duas vezes”. A experiência deles em já terem criado um filho, ajuda (e muito) quando chega a nossa vez. Porém, como os tempos são outros, alguns conflitos podem acontecer, como no caso da segurança dos pequenos. “É importante que haja uma convivência saudável e respeitosa entre pais e avós. Primeiramente, cabe aos pais entenderem que alguns avós não tinham as informações que hoje temos; deve-se a isso a maneira como explicam e defendem algumas situações, baseados em crendices ou em experiências pessoais”, aponta Karen.

Como, muitas vezes, os avós fazem parte do convívio dos netos, o diálogo se faz essencial. Buscar mostrar como e porque pretende deixar seu filho seguro é importante para que eles compreendam suas atitudes e também as passe para as crianças, colocando em prática no próprio local onde convivem.

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Imagem: AdobePhoto.

S.O.S.

As crianças estão sempre sob a responsabilidade dos adultos. Por isso, a supervisão constante é tão importante. Se você quer se informar melhor sobre a prevenção de acidentes, vale a pena frequentar palestras, realizar cursos e até participar de grupos e organizações que discutem o tema. No site do Criança Segura (www.criancasegura.org.br) é possível encontrar diversas informações.

 

Por Natália Negretti

 

Fontes:Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da ONG Criança Segura
Karen Roberta Moriggi, pedagoga e coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade Anhanguera de Piracicaba (SP).

 

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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.

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