A maioria dos pais não está preparada para lidar com um quadro de depressão dos filhos. Mas não se culpe! Nos dias atribulados em que vivemos, prioritariamente dedicados a oferecer o melhor para os pequenos, os sentimentos desses que tanto amamos podem ser negligenciados por cobranças excessivas, falta de tempo e escassez de diálogo.
O mais importante é ter disposição para verdadeiramente conhecer e enxergar os filhos, podendo, assim, não apenas perceber os problemas emocionais e psíquicos pelos quais estão passando, mas efetivamente ajudá-los.
O extremo negativo que resulta de experiências e situações mal resolvidas é a depressão. “Ao contrário do que muita gente pensa, depressão não é só tristeza. É um transtorno de humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente, interferindo no seu processo de amadurecimento psicológico e social”, explica a psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês Tessari.
Há muitos fatores que podem desencadear a depressão infantil, de acordo com a psicóloga. Veja os principais:
1) Brigas em família: Conflitos familiares desestabilizam emocionalmente a criança, que fica sem referências, sem o porto-seguro para os seus sentimentos.
2) Nascimento de um irmão: A chegada de um irmãozinho pode ser vista com entusiasmo, mas também percebida com desconfiança, rivalidade e outros sentimentos negativos, afinal não é agradável ter que dividir as atenções até então exclusivas.
3) Solidão: A criança pode ter esse sentimento por diversas razões, mas a principal está relacionada à falta de tempo dos pais. Ou, ainda que tenham tempo, a falta de atenção e de qualidade/intensidade desses momentos compartilhados.
4) Rejeição dos amigos: O tão comentado bullying não escolhe idade, e é uma das formas mais terríveis de coação moral, e muitas vezes física, sofridas por crianças. No entanto, para um ser em formação, qualquer tipo de rejeição, mesmo que não violenta, pode desencadear sentimentos de tristeza e baixa auto-estima.
5) Cobrança exagerada dos pais: Isso ocorre principalmente em relação ao desempenho escolar e o excesso de atividades extracurriculares impostas pelos pais. A criança se sente sobrecarregada física e emocionalmente, passa e se cobrar mais, tem dificuldade em lidar com as frustrações naturais de metas não alcançadas.
6) Falecimento de alguém querido: A morte de um parente, de um amigo ou até de um bichinho de estimação podem ser o primeiro contato com a finitude da vida, e a falta de compreensão dessas ausências repentinas pode trazer abalos emocionais.
7) Falta de espaço para o lazer: Crianças que ficam muito tempo confinadas em casas ou apartamentos, jogando videogame, assistindo televisão ou navegando na internet podem desenvolver dificuldade de socialização, pouca produção hormonal e distúrbios psíquicos.
8) Predisposição genética: Crianças com pais depressivos têm alta probabilidade de sofrerem com o problema.
Fonte: Olga Inês Tessari é psicóloga e psicoterapeuta.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.