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Entenda a diferença entre distúrbio e dificuldade de aprendizagem

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Especialista conta as características que devem ser observadas nos filhos e alerta para erros comuns cometidos pelos pais. (Imagem: Divulgação)

Ainda existem muitos pais e mães que não entendem a diferença entre dificuldade de aprendizagem e distúrbios. É o que relata Sheila Leal, psicopedagoga e fonoaudióloga. “Enquanto a dificuldade de aprendizagem pode ser um problema passageiro, talvez até gerado pela forma como o professor ensina ou pelas relações com os amigos na escola, o distúrbio é uma questão intrínseca ligada a problemas neurobiológicos ”, explica a especialista, que destaca que os distúrbios são genéticos, o que pode ser visto no histórico familiar. O termo transtorno é usado para indicar um conjunto de sintomas clinicamente reconhecível, associado na maioria dos casos, a sofrimento ou interferência com as funções pessoais.

Sheila destaca que existem alguns transtornos comuns, como o transtorno de déficit de atenção (TDA),  que  é um conjunto de sintomas caracterizado por distração, agitação/hiperatividade, impulsividade, desorganização, esquecimento, entre outras. Sintomas os quais devem ser observados por pelo menos 6 meses. “Existem algumas diferenças que podem ser sutis, e também existem algumas confusões, por este motivo a duração, frequência e a intensidade dos sintomas vão determinar o quadro”, alerta. No entanto, a psicopedagoga ensina que é importante verificar os sintomas e não generalizar  às terminologias.

A grande diferença entre distúrbio e dificuldade

Sheila destaca que a grande diferença entre uma dificuldade e um transtorno está na análise da permanência dos sintomas. “Uma criança com o transtorno da disgrafia não consegue nem mesmo compreender a  movimentação do traçado para realizar cada letra, a direção, o espaçamento, , enquanto que uma dificuldade de aprender a escrita vai resultar em alguns erros que aos poucos podem ser superados”, detalha.

A especialista dá exemplos de atividades e detalhes da rotina das crianças que podem auxiliar a identificar se há um distúrbio ou apenas uma dificuldade. “A partir dos 4 anos, a criança passa a ter dominância sobre os números, letras e traços”, ensina, alertando que as crianças que chegam aos 5 anos sem conseguir utilizar o lápis ou o giz de cera podem dar sinais de distúrbios. Outro ponto a ser analisado, segundo a especialista, é a capacidade de concentração. “Crianças com dificuldade de aprendizado podem apresentar falta de concentração nas horas de estudar e fazer a lição de casa, enquanto as que apresentam distúrbio também não conseguem se concentrar em uma brincadeira com muitas regras ou jogos eletrônicos, por exemplo”, explica.

Outros comportamentos comuns nas crianças que apresentam dificuldade de aprendizado são a demora exagerada para se arrumar antes de ir à escola e o tempo  para fazer lição,muitas vezes necessitam apenas de uma organização de rotina, ou até mesmo espacial(arrumar um local adequado para fazer a tarefa escolar). “Uma criança com distúrbio provavelmente não consegue finalizar a lição, chora, rejeita, se nega, mas uma com dificuldade pode apenas demorar mais”, exemplifica. A especialista também alerta os pais para as dificuldades emocionais. “Os filhos que choram diante de toda situação de desafio, ou que fazem muito xixi na cama, podem estar com dificuldades emocionais, e isso é possível de tratar com atendimento psicológico ou uma conversa com a professora da sala para verificar a incidência deste comportamento”, conta.

O peso do rótulo

Independentemente de ter uma dificuldade ou um distúrbio, Sheila Leal reforça que é importante tomar cuidados com os rótulos. “Procure não rotular seu filho com o diagnóstico que foi dado ele, seja qual for”, explica. Segundo ela, determinar para uma criança que ela tem certas limitações, ou acreditar que ela nunca será capaz de algo específico, é o pior posicionamento que um pai pode ter. “Qualquer diagnóstico só pode ser dado após uma análise coerente e multidisciplinar por profissionais capacitados, e mesmo depois que isso é feito, os pais precisam olhar muito mais para as potencialidades do que as dificuldades”, conta Sheila, que reforça a ideia de que os filhos são como diamantes que ainda não foram lapidados, e que só alcançam o brilho máximo se a lapidação respeitar sua forma natural. “Nossos filhos devem ser ensinados e educados de acordo com o que eles são, e não o que os outros querem que eles sejam”, conclui.

 
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