Equilibrar o relacionamento entre irmãos, bem como suas vontades, humor e personalidades diferentes, não é uma tarefa fácil. A principal causa da rivalidade entre os pequenos é a disputa da atenção dos pais, motivada pelo ciúme – na maioria dos casos – do irmão mais velho pelo caçula. Outro fator que desencadeia o problema é a sensação de posse que a criança tem, seja em relação a pessoas ou a coisas materiais, como brinquedos, computador, comida…
Por ser considerado um comportamento comum, nem sempre é tratado com a seriedade necessária, mas uma pesquisa publicada na revista Pediatrics mostrou que, quando a situação sai do limite, os irmãos podem sofrer com ansiedade, depressão e até sentimentos de raiva, que podem perdurar por toda a vida.
Segundo o psicólogo Breno Rosostolato, as brigas começam a surgir por volta dos três e seis anos de idade. “A criança, nesse período, é invadida por fantasias, emoções e sensações de ameaça, levando-a a reações agressivas e comportamentos regressivos, como descontrole de xixi e cocô, birras, retorno ao uso de chupeta ou mamadeira e até desobediência”, explica.
Já Fábio Roester, neuropsicólogo, afirma que não há uma idade determinada para a rivalidade aparecer e que, com o crescimento e a chegada da adolescência, as brigam tendem a diminuir, desde que sejam controladas.
Não estimule a rivalidade!
Mesmo parecendo simples atitudes do dia a dia, alguns fatores podem favorecer sentimentos e comportamentos agressivos aos pequenos. Conheça os principais para fugir desses inimigos:
– Apoiar um dos filhos quando acontecem as brigas;
– Fazer comparações entre os irmãos ou mesmo com primos, vizinhos e amiguinhos de escola;
– Elogiar e punir mais um filho ao outro;
– Não dar a mesma atenção e carinho aos mais velhos;
– Culpar um dos filhos, principalmente o que mais comete erros;
– Reclamar ou falar mal de um filho para o outro;
– Delegar muitas tarefas domésticas ao filho mais velho, deixando o caçula com menos coisas para fazer;
– Ignorar os primeiros sinais de rivalidade;
– Não estimular a amizade e companheirismo entre os irmãos.
Punir é a melhor solução?
As brigas entre irmãos surgem de sentimentos de posse, mas também podem denunciar negligência por parte dos pais. Quando você ignora os primeiros desentendimentos, tende a abrir espaço para o crescimento da rivalidade, gerando comportamentos perigosos como agressões físicas e verbais. “No caso de violência, em que a família vivencia o sofrimento dessas brigas, é necessária a punição. O ato de punir deve ser criterioso, isso quer dizer que não adianta bater ou castigar severamente um filho agressor, porque, dessa forma, os pais estão reafirmando um mau comportamento, dentro e fora de casa”, adverte Breno Rosostolato.
Para evitar as disputas entre seus filhos ou, ainda, amenizar a guerra quando ela já está instalada no convívio familiar, confira estas dicas:
– Cada criança é única, por isso é preciso que você trate gostos, personalidades, talentos e defeitos de forma individualizada entre os irmãos;
– Estimule o convívio harmonioso entre os pequenos com brincadeiras e jogos educativos, fazendo com que um ajude ao outro;
– Entre tantos compromissos diários, priorize passar mais tempo com seus filhos, conversando sobre o dia deles na escola, por exemplo;
– Quando surgirem os primeiros desentendimentos, não tome partido baseando-se no relato de cada irmão. Deixe as crianças resolverem sozinhas, caso não haja violência física e verbal;
– Separe as crianças logo no começo da briga;
– Se houver agressão, separe-os rapidamente para que não se machuquem;
– Incentive o sentimento de arrependimento em seus filhos e faça com que peçam desculpa quando brigarem;
– Na hora de fazer as pazes, estimule o abraço entre eles.
Fontes:
Breno Rosostolato, psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina.
Fábio Roesler, psicólogo e neuropsicólogo da Clínica de Cefaleia e Neurologia Dr. Edgard Raffaelli.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.