Durante o primeiro ano de vida da criança, principalmente nos primeiros seis meses, é bastante comum a ocorrência de refluxo (as famosas golfadas). Na grande maioria dos casos, o refluxo é um problema temporário, não constituindo uma doença de fato e que geralmente melhora a medida que o sistema digestivo amadurece. Muitos pais ficam preocupados com a quantidade de leite que volta, com a ocorrência de engasgos e incomodados com o constante cheirinho de azedo, mas é importante lembrar que em apenas uma pequena porcentagem isso constituiu um problema sério e persistente.
Segundo a pediatra Maria Júlia Carvalho, o refluxo acontece pois o esfíncter esofagiano inferior, parte que separa o estômago do esôfago, ainda é imaturo e mais “frouxo”. “Portanto, a qualquer pressão maior na barriga, o conteúdo do estômago pode “voltar”, causando a regurgitação”, explica a especialista.
A pediatra ainda explica que não existe necessidade de tratamento quando não há outros sintomas associados e o bebê cresce adequadamente, tratando-se neste caso de um refluxo fisiológico. Existem bebês que simplesmente regurgitam mais que os outros, mas não têm nenhum outro desconforto e se desenvolvem normalmente. Nesse caso, o tratamento não é necessário e apenas algumas medidas simples podem resolver o problema.
“Manter o bebê em posição ereta por 20 minutos depois de cada mamada, elevar um pouco a cabeceira do berço e aumentar a frequência das mamadas para diminuir o volume ingerido em cada uma delas, podem ser bastante eficientes”, completamente a especialista. Porém, caso a criança apresente outros sintomas junto aos refluxos, pode ser um caso de doença do refluxo gastroesofágico, em que há comprometimento da saúde da criança”, alerta Maria Júlia.
Abaixo, a especialista listou alguns dos sintomas que devem alertar a família da possibilidade de doença do refluxo:
– Dificuldade de ganho de peso;
– Irritabilidade ou agitação durante ou após a mamada, às vezes curvando-se para trás;
– Choro intenso após mamar e recusa do leite;
– Vômitos em grande quantidade com muita frequência;
– Tosse crônica, infecções respiratórias recorrentes e otites de repetição.
“Na presença de algum desses sinais de alarme, o pediatra pode indicar o tratamento medicamentoso, fórmulas específicas e nos casos mais graves, encaminhar para um gastroenterologista pediátrico”, finaliza Maria Júlia.
Fonte: Maria Júlia Carvalho, pediatra de São Paulo.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.