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Desde que o bebê nasce é assim: trocas e mais trocas de fraldas várias vezes ao dia e, às vezes, até à noite. Com o passar do tempo, a frequência das trocas diminui – sinal de que é hora de se livrar das fraldas. Porém, a transição gera sempre um estresse aos pais e cuidadores, que precisam ser pacientes.
Hora certa
Ao pensar sobre o assunto, os adultos precisam ter em mente que a hora de tirar as fraldas deve respeitar o momento da criança e não ser somente uma decisão dos pais. De acordo o pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros, o amadurecimento do controle dos músculos que controlam a saída do xixi e do cocô se inicia, em média, entre os 18 e 30 meses, ou seja, pode variar do um ano e meio aos dois anos e meio de idade.
Além da idade, o comportamento dos pequenos é uma grande ajuda para saber o momento certo para iniciar o processo de desfralde. A psicóloga Cyntia Wood destaca alguns sinais que indicam quando a criança estará pronta para retirar as fraldas:
– fica com a fralda seca por períodos longos durante o dia;
– reclama de fraldas molhadas ou sujas;
– mostra curiosidade ou interesse pelo vaso sanitário ou em usar cuecas ou calcinhas;
– entende e obedece a ordens simples;
– é capaz de abaixar sozinha as calças ou o shorts;
– tem horário para fazer cocô;
– avisa, com palavras, gestos ou expressões corporais que está com vontade de fazer cocô ou xixi.
Respeitando o ritmo
Os especialistas destacam a importância de respeitar o momento de cada criança, sem criar expectativas ou pressão. “Não inicie o treinamento com a expectativa de que seu filho logo estará coordenando evacuações e micções perfeitamente. Cada criança tem seu próprio ritmo de controle das eliminações”, ressalta Sylvio.
Cyntia lembra que é preciso verificar se a criança está demonstrando interesse em se livrar das fraldas e com isso, avançando nas mudanças no ritmo da criança. Caso contrário, há o perigo até de desenvolver problemas de saúde, como a psicóloga explica: “é duro segurar a ansiedade, mas você corre o risco de deixar a criança aflita e assustada, e tudo o que você não quer é que ela comece a segurar o cocô, o que pode levar a casos graves de prisão de ventre ou até mesmo a incontinência infantil”.
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Na prática
Sylvio e Cyntia dão algumas dicas para deixar o processo mais fácil para os adultos e as crianças:
– Jamais crie expectativa de que seu filho irá conseguir rapidamente os controles anal e vesical. E levar mais tempo não é sinal de que ele é menos inteligente que os outros.
– A evolução do controle é lenta e progressiva. Nunca se deve reforçar negativamente os insucessos (como com castigos ou demonstração de frustração). Mas pelo contrário: a cada evolução, deve-se dar reforços positivos (cumprimentar, aplaudir, sorrir, etc.). “Se seu filho, logo após uma tentativa sem sucesso de evacuar no peniquinho, evacuar no chão, ou logo após vestir a fralda, por exemplo, é sinal de que está se iniciando uma correlação. Não se frustre!”, aponta o pediatra.
– Usualmente o controle das evacuações precede o das micções. Isto porque o amadurecimento da coordenação muscular ocorre primeiro no esfíncter anal. “Acrescente a isto que o bebê, nesta idade, evacua uma ou duas vezes ao dia, e urina várias vezes, o que torna mais fácil saber os horários habituais de cocô que os de xixi”, destaca Sylvio.
– Livrinhos, músicas e vídeos sobre o assunto ajudam bastante na conscientização da criança.
– Procure incentivar presenteando com cuecas e calcinhas novas, de preferência do gosto da criança.
– Não exagere nas ofertas. “Se você tiver de levá-lo ao banheiro de hora em hora para não haver acidentes, quem está treinado é você, não seu filho! Bastará você esquecer-se de colocá-lo no penico ou na privada para o xixi escapar”, ressalta Cyntia.
– Busque alertar o pequeno da necessidade de fazer xixi antes de dormir.
– Durante o dia o importante é já deixar a criança sem fralda e levá-la com frequência ao peniquinho quando ela pedir ou depois que tomou líquidos.
Questão de tempo
Estar totalmente livre das fraldas varia bastante de criança para criança, podendo levar dias ou até meses. “O processo de desfralde durante o dia é geralmente curto. Em questão de cinco ou sete dias a criança já consegue assimilar que deve fazer xixi e evacuar somente no penico. Depois de retirado durante o dia a criança vai começar a produzir menos urina à noite”, conta Cyntia. Mas sempre lembrando: respeite o tempo do pequeno!
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Meninos e meninas
Geralmente, os meninos demoram um pouco mais de tempo para adquirir o controle total das evacuações e micções do que as meninas; mas isso não é uma regra. No caso dos meninos, é mais indicado ensiná-los a fazer xixi sentado, pois no início podem se confundir na hora de pedir “xixi cocô”. Com o tempo, vendo o papai, ele aprenderá a fazer em pé, se quiser. Com as meninas, é importante ensiná-las a se limpar do jeito certo desde o começo para evitar infecções, isto é, da frente para o bumbum.
O papel da escola
Nesta fase, muitas crianças já frequentam a escolinha ou a creche. Por isso, é importante que o processo de desfralde ocorra em parceria com a instituição. “A escola deve seguir a mesma rotina já estabelecida pelos pais no desfralde (e vice-versa) e ambos, pais e escola, precisam se comunicar sobre as idas ao banheiro e sobre as escapadas que a criança teve”, salienta Cyntia.
Alguns locais, inclusive, costumam iniciar o processo, dando um suporte maior aos pais. Procure se informar onde seu filho estuda.
Por Natália Negretti
Nossas fontes
Cyntia Wood, psicóloga da clínica Crescendo e Acontecendo, de São Paulo (SP)
Sylvio Renan Monteiro de Barros, pediatra da MBA Pediatria, de São Paulo (SP)