Diversas pesquisas já puderam constatar como traumas na infância aumentam as chances de desenvolvimento de problemas emocionais na vida adulta.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças e Saúde Clínica de Avaliação do Kaieser Permanente, em San Diego, desenvolveram um estudo de Experiências Adversas na Infância, o ACE (Adverse Childhood Experiences), considerada uma das maiores pesquisas já realizadas para avaliar a relação entre traumas na primeira infância e a saúde na vida adulta.
Segundo a psicóloga Flávia Bertuzzo, “os principais traumas de infância que podem originar em maior ou menor grau alterações de comportamento significativas em adultos são: abandono de figuras de afeto na primeira infância, abuso sexual ou estupro e situações de violência ou perigo extremo na infância”.
Agora, a ciência comprova que problemas emocionais desenvolvidos na vida adulta, não são aleatórios e podem ser consequências de traumas sofridos há muito tempo. A saída é a psicoterapia.
“A psicoterapia em todos os casos de tratamento faz uma ponte do passado com o presente. Assim, o psicoterapeuta pode ajudar o paciente a clarear estas redes e passar a lidar melhor com a carga emocional proveniente destas situações”.
E acrescenta: “O que ocorre com frequência é que estas cargas emocionais advindas de situações traumáticas continuam a ter a mesma força que tinham na infância, embora o indivíduo já seja adulto e tenha condições de amadurecimento e defesas para processar melhor”, esclarece Flávia.
Quando esses distúrbios não são tratados, o indivíduo continua a sofrer as consequências do que ocorreu no passado. “A maioria dos tratamentos são capazes de promover a adaptação, ou seja, o indivíduo vai aprender a conviver saudavelmente com a “cicatriz” que estes eventos produzem. Eles não desaparecem porque aconteceram quando a personalidade ainda estava em formação e acabam por fazer parte desta estrutura, como se fosse um “calo ósseo” que foi agregado à construção da personalidade no meio do caminho. O gerenciamento saudável dessa “cicatriz” pode trazer mudanças na forma da pessoa relacionar-se com o mundo”, finaliza Flávia.
Fonte: Flávia Bertuzzo, psicóloga.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.