A OMS anunciou a versão preliminar da Classificação Internacional de Doenças – CID, que será submetida à Assembleia Mundial de Saúde, em 2019. E entre as mudanças no “novo manual de referência”, a inclusão do “ distúrbio relacionado aos jogos eletrônicos ” na lista de transtornos de ordem psíquica, chega em momento oportuno.
É urgente estarmos atentos a esse transtorno contemporâneo, seus sintomas e prevalência na população. E isso, para que seja possível elaborar uma base de dados mundial, com informações que possibilitem o desenvolvimento de políticas de saúde, tanto para prevenir, quanto para tratar o problema.
Mesmo que o caminho até a publicação da CID-11, em 2022, ainda seja longo, é imperativo que comecemos a monitorar o transtorno agora, e a interpretá-lo como questão de saúde pública.
Realidades como: o avanço do uso de eletrônicos por crianças e adolescentes; o fenômeno do isolamento de indivíduos em grandes cidades; e a facilidade de conexão com redes de comunicação digitais, em qualquer local.
São exemplos de situações frequentes nesses novos tempos, e que criam ambientes com potencial para afetar pessoas com predisposição aos comportamentos persistentes e recorrentes, e tendência a adoecer.
Por parte dos indivíduos que jogam, e das pessoas que o cercam, é preciso atenção com situações como: descontrole em horários, frequência e intensidade da ação de jogar; priorização do jogo, em prejuízo de outras atividades da vida; aumento do tempo em que há dedicação ao jogo, mesmo após consequências adversas serem evidentes.
E se comportamentos assim forem identificados como persistentes, é urgente buscar o apoio de especialistas em Saúde Mental.
A Comunidade Médica está convidada a fazer ainda mais que tratar o grande número de afetados que chega aos consultórios, por vezes desejando solucionar apenas as consequências do transtorno, sem identificá-lo como o problema.
É necessário aprimorar protocolos para prevenção do adoecimento por exposição aos jogos eletrônicos, assim como ao universo virtual. E cobrar ações públicas de prevenção. Nessa tarefa, a perspectiva de catalogação na CID-11, indica que o trabalho está em curso.
Por Prof. Dr. José Toufic Thomé, psiquiatra e psicoterapeuta especialista em situações de crises e transtornos da contemporaneidade.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.