Segundo estudiosos de educação, principalmente na América Latina, pais estão acostumados a pensar na educação como tarefa exclusiva dos professores, o que pode ocasionar conflitos entre família e escola. “Nos dias atuais, os pais não estão sabendo dizer ‘não’ aos filhos. Resta aos professores impor limites. Mas, quando o professor tenta ensinar valores à criança, dizendo o que ela pode ou não fazer, muitos pais vão até a escola reclamar, dizer que não concordam com o que foi imposto”, explica a pedagoga Maria do Carmo Kobayashi, professora de pedagogia da Unesp.
E quando há discordâncias?
Escola e família devem estar em sintonia para que a criança se desenvolva, tornando-se um cidadão que se preocupe com o bem coletivo. Para que haja essa sintonia, os pais precisam estar cientes de tudo o que é ensinado dentro da escola. “Quando o pai procura uma escola para fazer a matrícula, precisa conhecer seu projeto político-pedagógico, ou seja, a carta de intenção da instituição, que mostra o currículo e as experiências que serão vivenciadas no local. Se o pai não se identifica com essas regras, ou procura outra escola, ou não haverá sintonia”, recomenda Maria do Carmo.
Respeitando limites
A pedagoga Maria do Carmo explica que escola e família são instituições distintas, com papéis pré-estabelecidos e que se complementam. Assim como a transmissão de valores começa em casa e continua na escola, os conhecimentos científicos se iniciam na escola e continuam em casa.
“Para fazer a lição de casa, as crianças precisam do acompanhamento dos pais ou de outro adulto. Essa ajuda deve ser dada desde que os pais saibam o que e como é ensinado na escola. O que não pode é fazer o papel do professor, ou rivalizar, achando que o professor não está ensinando da forma correta”, indica a pedagoga.
Para a psicopedadoga Valéria Segre, as dificuldades com conteúdo devem ser resolvidas com o professor. “Os pais devem ficar atentos apenas aos horários da tarefa, organização, se o filho cumpriu ou não o que lhe foi passado e às dificuldades, que devem ser levadas para a escola e não resolvidas pelos pais, para que não haja interferências no modo de ensino”, recomenda Valéria.
Dicas úteis
– Cultive o hábito da leitura em casa.
– Visite a escola de seus filhos sempre que puder.
– Converse com os professores sobre dificuldades e habilidades do seu filho.
– Participe das atividades escolares e compareça às reuniões da escola. Dê sua opinião.
Fontes: Maria do Carmo Kobayashi, pedagoga, doutora em Educação Brasileira e professora da Unesp, campus de Bauru;
Valéria Tiusso Segre, psicopedagoga clínica e institucional.