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Obesidade infantil já se caracteriza como um problema de saúde pública

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(Imagem: AdobePhoto)

A obesidade infantil já é considerada uma epidemia no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças está acima do peso no País. Dados assustadores quando percebemos que o excesso de peso não é apenas um transtorno estético. Ele traz consigo uma série de doenças graves e que comprometem a qualidade de vida para o resto da vida, como diabetes, hipertensão e colesterol elevado.

“O excesso de peso atinge todas as classes econômicas, com intenso crescimento nos últimos vinte anos. Por classe econômica, a prevalência é maior na faixa mais rica da população. Quando se padroniza a renda, o índice que melhor se relaciona com excesso de peso é a escolaridade. Quanto menor escolaridade, maior o índice de obesidade e sobrepeso. Logo, é fundamental o investimento de informação a população, em especial a de menor renda”, destaca a médica endocrinologista Ana Elisa Alcântara.

Segundo ela, a sociedade como um todo subestima a obesidade como doença e não leva a sério o tratamento médico. “O problema do excesso de peso é muito maior do que é possível ver! Por se tratar de um da doença crônica, ela precisa ser seguida por longo tempo, não raro por toda a vida”, afirma a médica.

Fast-food compromete a saúde

Os hábitos mudaram muito ao longo do século passado e começo deste século. De brincadeiras ao ar livre, jogos, caminhadas, a vida da criança passou a ser moldada por horas na frente da televisão, do computador ou celular. Menos atividades físicas e mais comidas industrializadas estão produzindo um efeito drástico no organismo dos pequenos.

Elas não gastam todas as calorias que consomem e ainda tornam o fast-food seu melhor amigo, o que aumenta ainda mais os riscos de sobrepeso e obesidade. “As principais causas são o estilo de vida dos pais (sedentários e com maus hábitos alimentares), a facilidade de acesso ao consumo de alimentos pouco nutritivos e ricos em gorduras e açúcares (fast-foods, salgadinhos, refrigerantes, sucos prontos adoçados, etc) e o sedentarismo dos dias atuais”, reforça a endocrinologista Raquel Resende.

E o problema pode ser ainda mais enraizado. Em alguns casos, o bebê já nasce com predisposição para o problema. Um número cada vez maior de mulheres que engravidam está acima do peso, tendo impacto direto na saúde dos filhos. “Sabe-se que quanto maior o IMC (peso por altura ao quadrado) das mulheres ao engravidar, maior será o risco dessa mulher em ter complicações na gestação – como diabetes gestacional, hipertensão – e gerar filhos que na vida adulta terão mais risco de serem obesos”, destaca Ana Elisa.

UMA em CADA 3 CRIANÇAS

brasileiras está com SOBREPESO

A tecnologia como inimiga

É fato que a inatividade física pode elevar o peso de qualquer pessoa, inclusive das crianças e adolescentes. Se o pequeno fica mais de duas horas por dia sentado ou deitado, na frente da televisão ou jogando videogame, a chance de ele brigar com a balança futuramente vai ser alta.

O que pode salvar um pouco essa dura realidade é a chegada de jogos que exigem movimento, como aqueles em que a criança interage por meio de danças e disputas esportivas. “Essa brincadeira pode ser uma ferramenta inovadora no combate a inatividade física”, ressalta Ana Elisa.

Mais frutas, menos doces

Como não poderia deixar de ser, a alimentação tem uma grande influência nos números a mais na balança. Não existe um planejamento alimentar em boa parte das residências, segundo a endocrinologista Ana Elisa. Sendo assim, as pessoas optam por comer o que é mais fácil de preparar e o que está à mão – geralmente produtos prontos e industrializados, repletos de sódio e gordura.

“O melhor é NÃO COMPRAR refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas, enfim, ALIMENTOS COM BAIXO VALOR NUTRITIVO e extremamente calóricos. Dê PREFERÊNCIA aos ALIMENTOS feitos em CASA, mais NATURAIS. E também, EDUQUE seus filhos em relação aos BONS HÁBITOS alimentares e estilo de vida saudável”.
Dra. Raquel Resende

A pesquisa de orçamentos familiares do IBGE mostra que pão, biscoitos, macarrão e arroz são responsáveis por 35% das calorias consumidas pelo brasileiro em casa. Refrigerantes e doces somam 13% dos produtos consumidos, acima inclusive das carnes com 12,6%. Frutas e sucos naturais são só 2% do que é comprado, e legumes e verduras 0,8%.

Para virar a mesa é preciso planejamento e coragem. O primeiro ponto é dar exemplo. “Os pais que não ingerem frutas, legumes e verduras terão crianças e adolescentes com maior chance de ter o mesmo hábito. Alimentar-se assistindo tevê aumenta o risco de comer muito mais”, sugere Ana Elisa.

Ela dá algumas dicas que valem ouro:

  • Planeje seu supermercado, faça uma lista de produtos que merecem entrar na sua casa

  • Fuja das prateleiras de biscoitos recheados e de itens que não estão na sua lista

  • Cultive o hábito de comer à mesa com seus filhos, prestando atenção na refeição e sem ficar ao telefone ou no computador neste momento

  • Coma devagar para saborear os alimentos e dar tempo ao corpo para entender o momento da saciedade

  • Prepare os lanches junto com as crianças

  • Não desista no primeiro (nem no segundo nem no terceiro) “NÃO” dado pela criança quando esta não quiser experimentar novos alimentos.

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Sedentarismo, comidas industrializadas e acesso às tecnologias contribuíram para o crescimento do problema

Sugestões para uma lancheira saudável

  • Pão com queijo, recheado com tomatinho e cenoura + iogurte e água gelada

  • Água de coco + bolo caseiro integral + melancia cortada

  • Leite + biscoito integral + uma banana.

  • Milho cozido + maçã + água.

 
 

Por Rose Araujo
Entrevistas: Jacque Lopes
Nossas fontes
Ana Elisa Alcântara, endocrinologista pela Universidade de São Paulo (USP)
Raquel Resende, endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo

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