O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode levar a prejuízos importantes na vida escolar, familiar e social. Atualmente, a doença afeta cerca de 5% das crianças e adolescentes em todo o mundo.
Uma pesquisa publicada no Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, revelou que o tratamento focado no comportamento individual e o treinamento dos pais podem ajudar, de maneira mais significativa, a lidar com as crianças em idade pré-escolar (3-7 anos) com suspeita ou diagnosticadas com TDAH.
A pesquisa avaliou a eficácia de um treinamento específico, chamado de New Forest Parenting Programme (NFPP), ou “Programa Parental de New Forest”. Trata-se de um treinamento que fornece aos pais técnicas para treinar a atenção, a concentração e melhorar a capacidade da criança em lidar com a espera e a frustração. Além disso, o
programa também ajuda a melhorar a qualidade de vida e o convívio familiar.
O estudo analisou 164 crianças, com idades entre 3 e 7 anos, com diagnóstico ou suspeita de TDAH. Um grupo recebeu o tratamento convencional e o outro o NFPP, durante 48 semanas. Os pais que receberam o NFPP relataram melhora significativa dos sintomas, melhora da autoestima e menores níveis de tensão familiar, em comparação com o grupo que seguiu o tratamento convencional.
Segundo a neuropediatra, dra. Andrea Weinmann, o estudo é bastante animador e mostra que é possível buscar outros meios para lidar com o TDAH. “O treinamento parental é sempre bem-vindo. É um mito pensar que só a medicação pode resolver os sintomas. Hoje, a tendência é evitar medicar a criança, principalmente as menores. Assim, terapias que ajudam a mudar os comportamentos e a educar os pais sobre o TDAH têm apresentado bons resultados”, explica a especialista.
Embora o “Programa Parental de New Forest” ainda seja realizado no Brasil, por aqui já existem alguns treinamentos, como o Treinamento Parental e a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). Lembrando que no Brasil o diagnóstico só pode ser dado a partir dos 6 anos de idade. Porém, nas crianças menores, é possível realizar avaliações e intervenções comportamentais até que o diagnóstico possa ser fechado.
Atualmente, a abordagem chamada de Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) tem sido muito aplicada no tratamento do TDAH. “Além de ser uma terapia com começo, meio e fim, ela é voltada para ajudar a criança ou adolescente a reconhecer e a modificar padrões de comportamentos disfuncionais ou distorcidos. Oferece também estratégias para lidar com as dificuldades de organização, gerenciamento do tempo, desatenção, entre outros”, explica a neuropsicóloga Claudia Dantas.
A participação dos pais é fundamental na terapia. De forma individualizada, o terapeuta irá estimular e compartilhar com os pais as práticas e estratégias que atendem às necessidades da criança. “Quando os pais entendem as dificuldades que a criança enfrenta, compreendem o transtorno e como ele afeta os comportamentos, acabam se
envolvendo mais para ajudar no tratamento. Além disso, oferecemos recursos para que esses pais possam lidar melhor com as situações cotidianas”, completa Claúdia.
Ainda segundo a neuropsicóloga, o treinamento dos pais gera empatia e esperança de vencer as dificuldades. “Os pais se sentem encorajados a participar mais ativamente e passam a acreditar que é possível modificar comportamentos e melhorar o relacionamento familiar”, conclui a neuropsicóloga.
Por Hugo Shigematsu
Fontes: Dra. Andrea Weinmann, neuropediatra; Dra. Cláudia Dantas, neuropsicóloga.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.