No dia 12 de outubro é celebrado o dia das crianças. As escolas organizam festas, as comunidades preparam eventos ao ar livre em praças e parques e, frequentemente, as famílias presenteiam suas crianças com doces e brinquedos. Assim, toda a comemoração desse dia tão importante que agradece e festeja a vida das futuras gerações tem forte apelo comercial.
Tanto é verdade que há uma quantidade assustadora de anúncios e propagandas voltadas ao vulnerável público infantil. Estão por toda a parte: desde a televisão até estampadas na forma de personagens carismáticos nas roupas e até mesmo nos biscoitos de chocolate. A criança é vista como uma grande e influente consumidora. Quem nunca presenciou um pai ceder a uma cena de “birra” infantil desencadeada pelo desejo de consumo?
De fato, a criança é uma grande consumidora. Ela precisa de muito “alimento” para se desenvolver fisicamente, de muito tempo e dedicação para saciar sua inesgotável curiosidade e, especialmente, de muita atenção e afeto de quem cuida dela.
Porém, aqueles que se sentem “devedores” de suas crianças por não lhes dar toda a atenção que gostariam, e buscam suprir esta falta com presentes, podem cair no terrível equívoco de associar a satisfação e a alegria, tão fundamentais e complexas, a posses materiais. Apesar da boa intenção, é possível que se esteja educando para que a criança viva e espere o amor na forma de presentes.
O brinquedo é um meio importante pelo qual a criança pode exercitar sua imaginação e expressão, criar cenários, experimentar papéis e “fazer de conta”, mas é apenas um coadjuvante. O que é fundamental é a brincadeira, a relação que ela estabelece entre os que brincam. O que verdadeiramente proporciona valor ao brinquedo são as vivências que ele possibilitou: as histórias compartilhadas, as gargalhadas, o tempo e os sentimentos investidos para sonhar e reinventar a realidade.
Convidar a criança para a brincadeira é promover seu desenvolvimento. Assim, ela tem a oportunidade de acessar recursos internos para lidar com as emoções que surgem ao interagir com o outro, esperar a vez, revezar, compartilhar, cooperar, frustrar-se, surpreender-se, superar-se, entender e seguir regras ou desafiá-las e modificá-las.
Diante deste cenário de brincadeiras e alegrias, o presente mais valioso que pode ser dado a uma criança – e ao futuro adulto em desenvolvimento – é ensiná-la a lidar com suas emoções. A Educação Emocional e Social é um processo de aprendizagem para conhecer e regular emoções confortáveis e desconfortáveis, expressar-se assertiva e pacificamente para resolver conflitos, conter impulsos que tantas vezes nos trazem arrependimento e perseverar no alcance de metas e objetivos.
Educar para as emoções é educar para uma convivência mais harmônica, saudável e pacífica; sobretudo, na primeira infância, fase fundamental para todos os estágios de desenvolvimento posteriores. As pesquisas confirmam que, quanto mais cedo é iniciado esse processo, mais eficazes são os resultados para o bem-estar e a realização da criança. Por isso, brinque com ela. Com presença e carinho ajude-a a transformar coisas simples em brincadeiras inesquecíveis. Assim, toalhas velhas podem virar capas mágicas, cabo de vassoura, corcel alado, bolinhas de gude, pérolas encantadas, e, qualquer brincadeira se torna amor verdadeiro que enriquece e promove a vida.
As crianças têm o direito de crescer dentro de uma família e de um ambiente escolar onde reine o entendimento e sejam dadas ferramentas para desenvolver a inteligência emocional, que lhes capacitem para enfrentar os desafios da vida, para que tenham mais chances de serem felizes. Devemos ter consciência disso, já que se desejamos um amanhã melhor para os nossos filhos e alunos, devemos nos envolver agora, pois o futuro se forma no presente.
Por Hugo Shigematsu
Fonte: Inteligência Relacional.
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Este conteúdo é publicado na revista NA MOCHILA e compartilhado pelo Programa Escolas do Bem, do Instituto Noa.